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Artigos-->U-zine (27) -- 11/05/2003 - 21:51 (José Pedro Antunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Parabéns, parabéns, parabéns,

seu texto foi, bem, digamos,

"enxerido" com sucesso.



Engajado?

Não, engasgado.



Este ano não tive tempo nem para profetizar a avalanche de textos comemorativos sobre o Dia das Mães.



"A modernidade é o inferno

com ar condicionado."

(Octavio Paz)



"A pós-modernidade é o inferno,

com o ar condicionado pifado."

(Gustavo Iochpe)



E a Helô Pinheiro,

a eterna garota de Ipanema,

tapando a bucetinha da filha

na capa da Playboy?



Mas nem tudo está perdido.

Vem aí um filme estrelado

pelo Padre Marcelo Rossi.



Jorge Coli sempre nos trazendo dicas fantásticas de coisas que deixaríamos de lado por mero preconceito ou falta de tempo e paciência para conferir. Desta vez, trata-se do filme "O massacre da serra elétrica" [The Texas Chainsaw Massacre], de Tobe Hooper, em início de carreira, que "entrou para a história do cinema e ganhou lugar permanente no acervo do MoMa", e que agora, por R$ 17,90, pode ser comprado nas bancas em DVD. Segundo o colunista, a imagem é passável e o som, perfeito.



Ainda no caderno MAIS, Paul Theroux escreve sobre "Mulheres Apaixonadas", sobre o tema do jovem que tem um caso com uma mulher mais velha. Um dos filmes comentados, segundo ele uma das melhores realizações sobre o assunto, "A primeira noite de um homem", que consagrou Dustin Hoffman e tornou obrigatória a trilha composta por Simon & Garfunkel, também está nas bancas, em DVD, por apenas R$ 14,90.



"O sexo só em certos casos é procriação; no mais, é pura luxúria, lastreada no cabedal de imagens que trazemos da infância. A possibilidade de realizar na idade adulta as fantasias da infância é a própria definição da felicidade."

[Paul Theroux, traduzido por Paulo Henriques Britto, no artigo do MAIS citado acima]



Em Assis, na Faculdade de Ciências e Letras, onde oficiei a aula-espetáculo "Sai pra lá, Maria Kafka!", a constatação do óbvio, a confirmação de uma verdade que conheço há tempos (desde aluno, na verdade, não me esqueço) e que muitos relutam em aceitar como sendo a regra da vida: os alunos são infinitamente melhores do que nós, professores. Sorte minha. Sorte nossa. Sorte deles, que sabem e não sabem disso.



A aula-espetáculo foi obra e graça de uma platéia entusiasmada. Fui mero oficiante, tentando não atrapalhar a beleza daqueles instantes. Sob a luz de um abajur arranjado às pressas, com o auxílio luxuoso do Fábio, professor de alemão, e do Chuchu, técnico do laboratório de idiomas, foi, como eu queria, um acontecimento (sim, deixemos de lado palavras gastas como "evento" e "cultural", por favor!) em tempo real, no Salão de Atos inteiramente lotado e intensamente vibrante.



Não houve nenhuma necessidade de instaurar o debate, como acontece ao final de todas as palestras. Ele instaurou-se por si mesmo. Sinal de vitalidade. E foi interrompido à força, devido ao "adiantado da hora".



Naquele Salão de Atos, vivi momentos inesquecíveis como aluno, tanto no palco como na platéia.



Os alunos entenderam muito bem a regra do jogo: atuaram com desenvoltura, fizeram um grande espetáculo, foram impagáveis. Assim fica mais difícil achar que estamos vivendo o fim da universidade pública. Estamos, isto sim, assistindo à derrocada de um modelo de gestão da universidade pública. Pena que demore tanto pra a troca de guarda, não é mesmo? E pena também que tantos se dignem a repetir os mesmos cacoetes vencidos!



Quando se oferece uma ocasião real de interação e convívio, a verdade aparece. A graduação, o alunado dos cursos de graduação é que dão sentido à universidade. E eles estão entregues ao abandono. E criminosamente alijados da internet. E submissos, de resto, como nós, professores, à prepotência de exigências arcaicas e fraudulentas, que nos ocupam a ponto de não mais podermos conviver, raciocinar e inventar coisas interessantes.



A Faculdade de Ciências e Letras de Assis já foi Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Tiraram o "Filosofia". Era o começo deste nosso coisa nenhuma. Deu no que deu. Hoje, esta ópera bufa, com péssima trilha sonora: um silêncio aterrador se apodera de todos os campi, raro em raro entrecortado pela leitura de relatórios, pareceres, pareceres sobre pareceres, gritos histéricos, meias-palavras ou gastas palavras de ordem de tempos saudosos.



Por aqui, site literário Usina de Letras, escreve-se cada vez mais sobre cada vez menos. E até os mais afoitos e aflitos parecem ter adotado um comportamento mais condizente com o status de pagantes autores do site mais visitado do gênero. Mais visitado, até mesmo por ser o único. Alguns nem se dão conta de que estão boiando à superfície das palavras que vomitam. E só o conseguem graças a um caldo de cultura que foi obra de tantos, num tempo em que a democracia só parecia ser abalada pelo avanço do anonimato.



Depois do último U-zine, no dia seguinte, como quase sempre desde que aqui leio, publico e tento conviver, um lembrete do tipo cala-boca, me alertava para o fato de a minha inscrição como pagante ainda carecer do pagamento para ser efetivada.



Se pagamento não fiz, os responsáveis já deveriam saber que para tanto tive bons motivos. Não há, como queriam sugerir, nenhuma incoerência entre o gesto inicial de adesão, eu ainda não havia atinado para o pouco alcance da coisa, e a desistência em boa hora e a tempo. Um discurso se constrói.



No meu caso, insistem em criminalizar qualquer gesto. Dito de outra forma, queriam flagrar-me em delito. Só se for de raciocínio. É crime? Pode? Parecem ter preferência por porra-loucas inconseqüentes, já que é normalmente com eles que dialogam.



Temi pelo pior, que seria receber gratuitamente, por algum tempo que fosse, a condição de pagante, com acesso à ostentação que o site estimula. Aliás, o site vem se especializando em promover sordícies. Só não admite lampejos de inteligência e caráter. Foi assim no episódio dos patrocínios, lembram-se?



Sobrevivi. Sobrevivo.



E espero que o site possa sobreviver a tudo que em seu nome se comete, esquecendo que um site como o Usina de Letras são os seus autores/leitores. Mas todos eles, tá? E o fato curioso de ele ter um proprietário deveria pesar na hora das decisões e das medidas, sejam elas quais forem. É compreensível a debandada de tantos. O silêncio agora reina sobre o sinteco do quadro de avisos . O belo caos da vida ali só se apresenta como farsa, representada por alguns poucos bufões voluntários. Alguns são os de sempre. Aos sérios e aos novos, o benefício da dúvida. Ainda é tempo.



O U-zine agradece o comentário do Domingos Oliveira Medeiros, reconhecendo as razões, ainda que "parciais", deste U-zineiro.



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