Casar ou não casar , eis a questão. A dúvida é cruel e a questão polêmica. Enquanto alguns se casam por procuração, para depois conhecer a noiva, outros que já a conhecem e convivem dia após dia, não conseguem se decidir. Esse é o caso do Chiquinho, que já namora uma mulher há trinta e cinco anos e ainda não conseguiu levá-la ao altar. Quando começaram a namorar , Chiquinho era soldado do Exército, recém incorporado e na época não se casaram pois o soldo era muito baixo. As promoções se sucederam e hoje em dia Chiquinho já está reformado como capitão e o bendito casório não saiu do projeto. A namorada também já se aposentou. O sogro que tanto queria ver a filha subir ao altar já partiu desta para melhor(?) . O irmão mais velho que era quem poderia cobrar uma posição ao futuro cunhado, se diz impotente pois quando veio ao mundo e abriu os olhos pela primeira vez, a primeira imagem que veio a seus olhos, não foi a de sua mãe mas sim a de um negão sentado na sala vendo Tv e tomando café.
-É esse o quadro que assisto todo sábado e domingo há trinta e cinco anos.
O camarada é britânico na pontualidade. Chega sempre ao cair da tarde, cumprimenta a todos e senta-se em frente à TV , enquanto a namorada e a sogra se revezam servindo-lhe um cafezinho e alguns quitutes. Pelos cálculos da família, que pensa em mover uma ação de perdas e danos contra o rufião, já foram consumidos cerca de quinze toneladas de café, dez toneladas de açúcar e milhares de quitutes diversos, o suficiente para um banquete no meio da torcida do Flamengo em dia de clássico no Maracanã. Segundo a sogra, já foram gastos mais de dez jogos de sofás com esse namoro e cerca de cinco Tvs.
A eterna namorada diz que agora também não vai dispensar o espertinho pois assim estaria beneficiando o infrator.
- Eu perdi a minha juventude com esse safado, agora nós vamos morrer namorando! -Espregueja Sueli.
- Quem quiser casar com ele vai ter de esperar a minha morte! Decretou
- Acho que isso já se tornou um caso de usucapião – Opinou a sogra indignada
As mulheres também aprontam das suas. Vejamos então o caso de Bigode de gato, motorista de táxi, morador da barreira do Vasco, que varava as madrugadas cariocas dirigindo o seu táxi com a finalidade de construir a casa dos sonhos de sua amada Bete, morena jambo de cabelos escorridos até a cintura. O ninho de amor estava sendo construído no quintal da família de Bete, que esperava pacientemente a conclusão da obra.
- De gato! Falta muito pra terminar a obra?- Perguntava constantemente Bete, toda faceira
- Não meu amor. Estou dando os últimos retoques – replicava o esforçado trabalhador.
Um belo dia De gato anunciou : - “Querida, terminei a casa, podemos nos casar!”.
Foi então que Bete sem a menor cerimônia confessou: - “Sabe De gato, eu pensei bem e não quero mais casar com você. Essa obra desgastou demais a nossa relação. De gato , completamente enlouquecido foi até em casa e voltou com uma picareta tentando demolir a construção, só não logrando êxito por ter sido preso . Motivo da prisão: tentativa de demolição de imóvel alheio.
Hoje em dia Bete vive feliz e tranqüila com outro homem na casa que De gato construiu às duras penas, enquanto o desafortunado mora com a mãe em um barraco sem conforto no morro de mangueira.
O amor é lindo mas mete agente em cada furada!
