Agosto
Em silêncio você voltou... Não vi seus pés, nem toquei suas mãos, mas você voltou.
Não veio dizendo o que a minha fantasia ânsiava ouvir.
Abriu as portas, deu aquele sorriso profundo, que em seus olhos, outra vez me fez sentir assim... No azul do mar, entre as ondas caladas que soerguem-se contra as pedras e a resquiça possibilidade de vencer.
Ó saudade, conspiração da alma que me faz a cada instante, que ouso lembrar, ou ao menos vejo-a passar, arde no peito feito único defeito e o que é pior, sem querer parar.
Pois que haja no simples amanhecer, uma gota de orvalho, entre as pétalas de uma pequena flor, prá aliviar o calor desse tempo deserto. Vale então, acender as luzes do quarto e numa hora qualquer cultivar a sua volta, ainda que, não digas, meu amor.
Hás de nutrir uma tênue esperança, favo vívido à alma mais penada.
E se há no encontro das pedras uma eternidade de cultura a transladar os momentos inertes, porque não esgotar as possibilidades humanas, de um dia enfim, descansar as mazelas, num aditar vivo do ósculo profundo e puro que tua boca haverá de traçar, amar, revigorando em segundos toda uma vida, que em anos, vazio, suportou sofrer, na certeza de que, enfim um dia com você partilharia. |
