Prestos, os dedos hoje
verticalizam caracteres
sobre a tela.
Habilidade que me vem
de muito, muito antes.
"Você é rápido nos erros",
me dizia, linda e carinhosa,
a professora de datilografia.
E a poesia que os meus dedos
ainda querem, insistem em inscrever,
ainda hoje, na tela do computador,
é a mesma que, confuso, eu debulhava
no teclado de uma velha Remington.
Fui aprendendo a ser
cada vez mais rápido nos erros,
mas sem deixar de perseguir,
com entusiasmo crescente,
os meus parcos acertos.
A boa Remington,
preta e prestativa,
me ajudou a ser
um homem de letras,
com certeza.
Mas, com seu jeito carinhoso
de me deixar correr à solta,
de me compreender a meu esmo,
a batucar no teclado
a dura sentença
de vida e morte
deste meu destino,
foi Dona Ivete
quem me ensinou
a ser, antes de tudo,
um homem de palavra.
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