O que significa o título “livres-pensadores”? Terá alguma relação com o fato de o pensamento ser gerado sem nenhum compromisso com qualquer corrente, doutrina, religião ou ideologia? Um representante do estilo livre-pensar quando assim se intitula não está sendo totalmente incoerente?
Sim, já que não existe nenhum pensamento que não tenha como fundamento uma base de conhecimento qualquer. Se ser um livre-pensador significa não admitir como verdade absoluta qualquer afirmação que não possa ser validada pela razão, por não ter fundamentação científica, na verdade aquilo que se intitula de corrente do livre-pensamento é o mesmo que agnosticismo, ou seja, a impossibilidade humana de chegar a conhecer com precisão qualquer aspecto dado da natureza, pela hipótese mesma de esse dado não corresponder, na essência, àquilo que representa em sua forma manifesta.
Se somente pode ser aceita uma verdade verificável pelo critério científico, jogue-se no lixo todo o conteúdo que filosofias e religiões têm produzido no decurso dos tempos como resultado das indagações surgidas na mente dos homens face os mistérios da existência.
A ciência sustenta que o homem é o resultado final de um lento e gradual processo de evolução a partir de organismos inferiores. Quando alguém elabora um pensamento e o orienta pela teoria (teoria, certo?) da evolução, que diferença há em relação a um cristão que acredita no milagre da transformação da água em vinho, nas bodas de Caná? Se este milagre não pode ser provado cientificamente, igualmente não há como a ciência demonstrar - mesmo que seja tentando criar em laboratório as mesmas supostas condições em que a vida tenha surgido - que o homem evoluiu de formas inferiores de vida até chegar no estágio atual. Quem crê nisso não pode ser considerado um tolo somente porque é um pressuposto da ciência? Ao contrário de um cristão que crê num milagre porque está registrado na Bíblia? A ciência é dona absoluta da verdade? Quantas afirmações científicas têm sido desmentidas com o tempo? Não vamos longe. Quem disse que o átomo (a=partícula de negação + tomo=divisão) não podia ser dividido, um cientista portanto, estava enganado, certo?
Não existe pensamento livre nem imparcial. Qualquer elaboração intelectual é fruto de uma análise que não tem origem em si mesma, senão em diversas outras, das quais o elaborador se aproveita, seja para concordar com elas seja para chegar a conclusões diversas.
Quanto aos cristãos, é equivocada sua avaliação. Sou cristão e não temo qualquer debate. Apenas evito aqueles cujo propósito seja a polêmica estéril, pelo simples prazer de polemizar. Não tenho dúvidas das coisas que creio. Seria uma contradição de termos incrível (trocadilho) alguém duvidar daquilo que crê!
Creio que Deus nos criou livres. Se escolhemos viver como se Ele não existisse, obedecendo aos impulsos da mente, para satisfazer nossas vontades materiais, em um estilo de vida caracterizado por vícios, promiscuidades, mentiras, vaidades, adultérios, enfim, ações que atentam contra um comportamento regrado, obediente aos padrões que agradam a Deus, então tenhamos consciência de que sofreremos as conseqüências.
Você pode me dizer que frutos essa sociedade permissiva e livre, que não conhece limites nem critérios no comportamento, tem conseguido? Os benefícios dessa extrema liberdade individual, que tem na negação da autoridade dos pais em definir critérios de comportamento e conduta aos seus filhos uma das mais lamentáveis marcas, têm sido compensadores quando comparados com os resultados indesejados? Quantas pessoas morrem de AIDS, quantos bilhões de dólares têm sido gastos em tratamento, como decorrência do sexo-livre?
Apesar de tudo o que os livres-pensadores dizem sobre os cristãos, tenha certeza de uma coisa: eles são as pessoas mais felizes do mundo. E não é porque crêem em milagres. É porque sabem que a fé existente em seus corações não é produto de uma crise existencial profunda que os levou a engendrar na mente uma fábula salvacionista com enredo e personagens divinos. Nenhum homem, por mais genial que fosse, teria condições de forjar personagens como Jesus Cristo. E se um cristão aceita as palavras de Jesus como verdade absoluta, então essa é a base de sua fé - “quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá.” Há algum erro nisso?
Queira Deus que os livres-pensadores um dia venham a crer nas mesmas verdades que projetam as esperanças de todos os cristãos para além das limitações da mente e do corpo, da vida e da morte.
