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Artigos-->O MENINO, A FLOR, O MACACO -- 11/06/2001 - 12:20 (Clóvis Luz da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O MENINO, A FLOR E O MACACO



A mente humana é capaz de proezas na mesma proporção em que se revela uma fonte inesgotável de aberrações. O homem-sapiens não raramente se encontra indeciso entre o sublime e o medíocre, entre a mais alta demonstração de ternura e a mais absurda prova de desumanidade. Assim somos, seres contraditórios, que amam e odeiam com a mesma intensidade; que deploram a visão de uma flor sendo esmigalhada ao mesmo tempo em que a visão de uma criança esquelética morrendo de fome ou de aids em qualquer dos países miseráveis da África sequer chega a causar a menor reflexão.



Os movimentos em defesa das plantas e dos animais

a cada dia aumentam no mundo. ONGs borbulham em busca da proteção seja da araucária, no Brasil, seja do macaco-com-rabo-dourado, na África. E é desse continente que vem a inspiração para o presente artigo.



Não tenho conhecimento de nenhuma ONG ou OSG (Organização Sim Governamental) surgida para defender as crianças aidéticas cujo ímpeto se compare àquele que torna os membros do paz verde (green peace) as pessoas que mais aparecem nas televisões, jornais e revistas de todo o mundo, tidos como verdadeiros heróis por aqueles que julgam ser mais essencial à continuidade da vida na terra a preservação do verde, baleias e golfinhos, ou como ativistas loucos, por quem acha que a defesa da vida humana é prioridade em relação a árvores e macacos.



Nkosi Johnson, o menino africano de 12 anos que morreu em decorrência da AIDS, esquelético, vítima de uma pobreza absoluta (que começa com o vil metal passando pelos demais níveis aos quais quem o acumula tem livre acesso: educação, lazer, saúde, cultura.), agredia nossos olhos por sua estrutura física quase disforme. Sua enorme cabeça, em contraposição ao mirrado corpo, não conseguia entender o motivo de, tão novo, estar já se preparando para a morte. Seu cérebro, ainda em crescimento, mantinha-se em leveza e serenidade compatíveis com toda a compreensão que então tinha do mundo e da existência.



Algumas das pessoas que ensaiaram chorar quando ele pedia que os governos do mundo tratassem dignamente as crianças com aids, são as mesmas que, relaxando em suas banheiras de hidromassagem com um drink na mão, antes de dormir, sem nenhum peso na consciência, perguntam a esposas ou esposos: “Você viu aquele menino na TV?” E a resposta: “Não. Estava assistindo a um documentário da Discovery sobre os golfinhos no Japão. Você nem imagina a maldade que aqueles pescadores fazem contra os bichinhos!”

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