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Humor-->A noite de autógrafos -- 03/05/2006 - 11:35 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A NOITE DE AUTÓGRAFOS

Jacornélio M. Gonzaga (*)

Durante o dia 10 de abril do corrente ano, 26 entidades civis e militares de anistiados políticos se reuniram na Câmara dos Deputados. O encontro foi uma preparação para a audiência pública que a Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público viria a promover dois dias depois, sobre a demora no andamento dos processos de indenização dos anistiados e seus dependentes.

A pressa tem cabimento, pois, desde sua instalação, a Comissão de Anistia, que foi criada para analisar os pedidos de indenização de pessoas impedidas de exercer atividades econômicas, por motivação exclusivamente política, no período de 18 de setembro de 1946 até 5 de outubro de 1988, só julgou 21 mil processos, dos mais de 53 mil que foram protocolados. A tal comissão não quer nada com o trabalho. Imaginem, indeferiu 12.040 pedidos, tendo aceitado somente 9.635. É um absurdo! Enquanto isso o Fundo Nacional de Pensão dos Anistiados Políticos (FUNPAPOL) fica com o pires na mão.

No meio da reunião, César Augusto Teles, Criméia Alice Schmidt de Almeida, Edson Luis de Almeida Teles, Janaína de Almeida Teles e Maria Amélia de Almeida Teles, que entraram na justiça contra o Coronel do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra (Estado de São Paulo - Fórum Central Cível João Mendes Júnior - Processo nº 202853/2005) lembraram aos participantes que, no dia seguinte, 11 de abril, no restaurante Barlavento, Iate Clube de Brasília, haveria o lançamento do novo livro do Cel USTRA, “A VERDADE SUFOCADA – A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça”.

Tantos anos passados, certamente era a chance que Maria Amélia estava procurando para agradecer ao “velho” Ustra o apoio e a deferência com que seus filhos foram tratados, quando de sua prisão. Jamais poderá esquecer que ao ser presa, num “aparelho”, na cidade de São Paulo, juntamente com seu marido (César), foi levada para o DOI-II e lá encontrou gente preocupada com o destino de seus filhos (Edson e Janaína), que também estavam no “aparelho”.

O que fazer com elas? Parentes? Somente em Minas Gerais. Juizado de Menores? Sim, era a solução. Maria Amélia se lembra da angústia que lhe tomou conta. Mas lembra, também, daquela policial-feminina, que, voluntariamente, ofereceu-se para tomar conta de suas crianças, enquanto seus parentes não chegassem. Obviamente, aquela sua protetora estaria no lançamento do livro do Cel Ustra.

E a Criméia, por que ir ao lançamento do livro? Tirar dúvidas, dúvidas e dúvidas.

Será que o Cel Ustra colocaria no seu livro que, no início de 1972, em plenas “operações” no Araguaia, Tereza Cristina Albuquerque engravidara de Pedro Albuquerque Neto e lhe fora determinado, pela Comissão Militar das Forças Guerrilheiras dos Araguaia (FOGUERA), a realização de um aborto, pois “guerrilheira não engravida”? Será que o Ustra se lembrou de citar que a Tereza e o Pedro não concordaram em realizar aquele assassinato e tiveram que se evadir da região, desertando da guerrilha?

Será que na “VERDADE SUFOCADA” estaria publicado que Criméia Alice, por ser nora do Maurício Grabois, comandante político e militar da FOGUERA, grávida, diferentemente de Tereza e Pedro, obteve permissão para sair da área, em agosto de 1972?

Será que constaria no livro do coronel que o filho de Criméia, João Carlos Schmidt de Almeida Grabois, pôde nascer, com toda a assistência no Hospital Geral de Brasília e, posteriormente, ser indenizado, trinta e dois anos depois, por torturas sofridas no período de sua vida intra-uterina, conforme atestou o pediatra Henrique Carlos Gonçalves.

Pelas lesões irreversíveis ocorridas no período de 29 Dez 1972 (prisão da mãe) até seu nascimento, em 13 Fev 1973, João Carlos tornou-se o mais jovem associado do FUNPAPOL.

Finalmente, o grande dia! No entardecer brasiliense, Carlos Alberto, ansioso aguardava a chegada de seus amigos. Será que a “Rosa” (Beth Mendes) viria? Afinal, ela que demorou quinze anos para dar o ar da graça, sempre é esperada!

E os convidados foram chegando!

“Acho a idéia do livro fascinante, porque mostra o contraste da “democracia” que nós da esquerda dizíamos querer implantar e o que realmente queríamos para este Brasil varonil”, resumiu o camarada Daniel (José Dirceu), apoiado pela companheira de lutas, a Estela (Dilma Roussef).

Quando o velho Ustra começou a autografar seus livros, ansiosos para saber se eram personagens da “Verdade Sufocada”, vários outros famosos entraram na fila: Delúbio Soares, Luiz Gushiken, Sílvio Pereira, Marcos Valério, Duda Mendonça e sua sócia Zilmar Fernandes, João Paulo Cunha, José Janene, Pedro Henry, José Borba, Professor Luizinho, entre outros, além de vários dirigentes do Banco Rural. A todos, pacientemente, Ustra explicava: o livro que vocês procuram é outro. A noite de autógrafos do “Ali Lullá e os Quarenta Ladrões” está ocorrendo no Palácio do Planalto, após a avant première no Ministério Público.

Num cantinho, escondido, Geraldo (José Genoino) conversava com o conselheiro José Egmar Oliveira, da Comissão de Anistia, relator de seu processo: “Como é que vai ficar a votação da minha grana amanhã na Comissão de Anistia?” Despreocupado, Egmar respondeu: “Genoino você foi barbaramente torturado. Foram 11 anos de perseguição política contra você, que é um personagem importante da vida política brasileira; portanto, é merecedor de uma indenização de cem mil reais, tá bom?” E assim foi feito.

Aproveitei a noite de autógrafos do livro do Cel Ustra para pedir ao Deputado Luiz Eduardo Greenhalgh e receber, de imediato, a penúltima (sempre penúltima) relação dos associados do FUNPAPOL: http://www.mj.gov.br/anistia/processos_encaminhados.htm

Um dos convivas, em determinado momento, fez questão de ler a mensagem que o Ministro da Defesa, Waldir Pires, expediu ao ser recebido pelo General Walter Albuquerque no Quartel-General do Exército: “"Estaremos sempre solidários com aqueles que, na hora da agressão e da adversidade, cumpriram o duro dever de se oporem a agitadores e terroristas de armas na mão, para que a Nação não fosse levada à anarquia." (1).

Parabéns ao Cel Ustra pela concorrida noite de autógrafos. Belo comparecimento! Foram 484 livros autografados, o que demonstra que, embora sufocada, a verdade acaba surgindo.

Cumpre dizer que a cobertura cine-foto propiciada pela ABIN foi um primor. Seus agentes adquiriram, inclusive, alguns exemplares. Parabéns à arapongagem!


(1) Eu, como sempre troco os Pires, erro nos Abuquerques e procuro acertar nos Walteres, nem que seja no de Apucarana. A afirmação, hoje esquecida por muitos, foi feita pelo Ministro do Exército (1979-1985), General Walter Pires de Carvalho e Albuquerque.


(*) Jacornélio, esquecido, nasceu em Arapongas-PR, é escritor (sem direito a noite de autógrafos) e é o Diretor-Geral do Fundo Nacional de Pensão dos Anistiados Políticos (FUNPAPOL).


Revisão: Paul Word Spin Org Writer, de carro novo e sem dinheiro.

Brasília, 18 de abril de 2006.

e-mail: jacornelio@bol.com.br e jacorneliomg@hotmail.com




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