1.970 e mesma época - Morrer em mim
Sinto morrer em mim, meu medo de viver e de chorar. Encaro a morte e vivo a sorte de te encontrar. Não temo teu olhar, choro teu sorriso, medito tua mente e sofro teus sonhos.
Sonho tua ànsia de amar, lamento minha alma aflita a querer te encontrar, ansiosa por te amar, desesperada sem você.
Busco no viver, a pureza dos teus olhos, a doçura dos teus lábios, a cristalinidade de teu sorriso. Quero em meus sonhos, teu ego, tua voz, que me arrastam cada vez mais para perto de ti. Canto teu pensar, que me corrói, que me anima e que quero só pra mim.
Amo a luz que irradia de teu encanto, manto de púrpura e que me corrompe e me invade, toma conta do meu coração a cada segundo que morre. Quero fazer da tua existência a minha vida e que sejas a musa dos meus versos, a fonte dos meus sonhos. Sem ti, perco a razão de sorrir, de pensar e de querer viver.
Procuro na liberdade dos campos, na suavidade do regato, um momento que tenha tanta ternura quanto você; não encontro, porque das flores você é a mais terna e a mais bela. Projeto tua imagem em meu pensar, planejo teu poema, mas me perco em teu coração. Não consigo escapar de teu espírito, que me guia, me embriaga e me tortura.
Enfrento meu tormento sonhando em teus sonhos, falando em tua voz e chorando em tuas lágrimas. Já não tenho mais forças para lutar contra meu corpo, contra meu coração, que a todo instante quer te sorrir, fazer parte na delicadeza de teu viver.
Na poesia de tuas preces quero sorrir a minha dor de te amar. Amo a brisa em tua pele, o sol em teus olhos e a noite em teu sono.
Tudo o que quero é amar-te, na sorte, na morte, na vida, na luz, nos teus sonhos. Quero tua alma em meu coração, quero em tua mente morrer, pois sei que assim, morro com você.
Sem data, mas escrevi naquela mesma época dos anos setenta e não queria morrer, só viver.
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