Usina de Letras
Usina de Letras
164 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62268 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10450)

Cronicas (22539)

Discursos (3239)

Ensaios - (10379)

Erótico (13571)

Frases (50658)

Humor (20039)

Infantil (5450)

Infanto Juvenil (4776)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140816)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6203)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->A ARTE E A MORTE DA ARTE: ESTÉTICA EM HEGEL -- 24/04/2003 - 21:31 (Sidinei Cruz Sobrinho) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
SOBRE A ESTÉTICA EM HEGEL: A ARTE, A REFLEXIVIDADE DO ESPÍRITO NA ARTE E AMORTE DA ARTE NO SISTEMA



Sidinei Cruz Sobrinho*



Resumo:



O escopo deste artigo é um breve e objetivo estudo sobre a concepção de belo artístico, auto-reflexividade do espírito na arte e da morte da arte em Hegel. Poder-se-á constatar como este autor insere a arte no seu sistema filosófico dando-lhe um devido espaço por ser algo pressuposto e portanto necessário. A partir desta localização da arte no sistema, estuda-se o seu papel como momento da concretização do espírito no processo dialético e a sua superação por graus maiores da reflexão da razão no processo histórico da realidade.



Palavras-chave: arte, belo artístico, Hegel, Morte da arte, auto-reflexividade, dialética.



Introdução



No presente artigo temos por objetivo realizar um breve reflexão acerca do belo e da arte bem como da autoreflexão do espírito na arte e da morte da arte no concernente à filosofia hegeliana. É lícito afirmarmos inicialmente que, assim como ocorreu em Kant, procura-se também em Hegel estabelecer conceitos diretamente sobre um objeto específico, o belo, a arte e mantê-lo dentro dos princípios de um sistema filosófico. Sendo que, como afirma Hegel, “ o conceito do belo e da arte é um pressuposto advindo do sistema da filosofia” ( HEGEL, Os pensadores, p. 83 ). E ele considera tudo o que é pressuposto como sendo também necessário. Dentre todas as partes do sistema, a arte também é um pressuposto e portanto deve ser analisada para que se possa provar a sua necessidade.



Auto reflexividade do espírito na arte e adiferenciação do belo artístico e do belo natural



Hegel inicia a introdução da Estética estabelecendo a diferença e a relação existente entre o belo artístico e o belo natural. Isso porque anterior a ele, kant enfatiza a beleza natural e afirma que uma obra de arte só pode ser bela quanto mais próxima chegar `a forma do belo natural. E esta primeira diferenciação nos é de suma importância para a compreensão do conceito de beleza e arte no contexto hegeliano. Hegel então afirma:



“ O belo artístico é superior ao belo natural, por ser um produto do espírito que, superior à natureza, comunica esta superioridade aos seus produtos e, por conseguinte, à arte; por isso é o belo artístico superior ao belo natural. Tudo quanto provém do espírito é superior ao que existe na natureza. A pior das idéias que perpasse pelo espírito de um homem é melhor e mais elevada do que a mais grandiosa produção da natureza – justamente porque essa idéia participa do espírito, porque o espiritual é superior ao natural”.

Nesta afirmação de Hegel, é possível percebermos clara e nitidamente o valor que ele atribui ao espírito ( razão ). Ora, como ele mesmo diz no decorrer da sua dissertação sobre estética “ só o espírito é verdade”. E se assim o for, tudo aquilo que é produto deste espírito será superior a qualquer outro elemento que por ele não foi criado. Neste sentido é que podemos identificar o que no início deste trabalho chamamos de auto-reflexividade do espírito.

A grandiosidade, se assim podemos dizer, da arte criada pelo espírito, não está somente no fato de ser criação do espírito, mas pelo fato de que na sua criação o espírito identifica a si mesmo e volta para si como absoluto. O belo é o objeto produzido pelo espírito e não o sentimento de prazer que sofre o sujeito ao, de acordo com seu “estado de ânimo” , se deparara e se quedar frente ao objeto, como diz Kant em seu sistema analítico.

É neste reconhecimento auto – reflexivo feito pelo espírito na obra de sua criação, que se dá, ou que se deu como veremos adiante, parte da consciencialização das idéias:

“ Sempre a arte foi para ao homem instrumento de consciencialçização das idéias e dos interesses mais nobres do espírito. Foi nas obras artísticas que os povos depuseram as concepções mais altas, onde as exprimiram e as consciencilaizaram”.

Ocorre que a arte é somente “um particular modo de manifestação do espírito” ( HEGEL, Os pensadores p. 83 ). Pois há muitas formas pelas quais o espírito se manifesta, seja nas instituições históricas, cultura, tradições, religião e na própria filosofia. Como já afirmamos anteriormente, Hegel estuda a arte de acordo com os princípios do seu sistema filosófico. E em seu sistema, há a singular presença do método dialético. Isto é, em relação ao espírito, este se constitui em vários momentos culminando numa síntese como sendo espírito absoluto. Porém estes momentos que constituem o processo não vão sendo simplesmente superados e eliminados, mas ao contrário, estarão na síntese como que suprarssumidos e guardados, assim p0oderemos entender melhor o sentido que daremos à morte da arte em Hegel.

Deste modo Hegel define um espaço para a arte dentro do sistema da sua filosofia:

“ Hegel apresenta critérios para determinar o espaço da arte. Ele começa por estabelecer o belo como o primeiro critério. Em seguida, ele atribui a beleza ao espírito e distingue a arte enquanto produção espiritual, separando-a das demais produções do espírito. Tendo estabelecido os critérios gerais para identificação da arte, Hegel vai defender a possibilidade de uma filosofia da arte ou uma teoria do belo e, nesse sentido, ele transporta a arte do mundo sensível para a esfera do inteligível, o mundo espiritual. Para ser uma ciência filosófica a condição necessária é a realidade do objeto estudado,. Portanto, quando Hegel defende o belo ( O belo artístico ) como objeto de ciência filosófica ele está defendendo sua existência enquanto tal, independente de representações ou quaisquer determinações acidentais” .

Como vimos, Custódio L. S. de Almeida traduz breve, clara e objetivamente o espaço da arte no sistema hegeliano. O que nos permite dissertar com maior segurança sobre o sistema. Ou melhor a localização da arte dentro do sistema hegeliano.

O que torna o artístico belo, é a sua participação no espírito. “ Só é arte o que é belo, porque só é belo o que nasce do espírito” (CUSTÓDIO, p. 874. ). Nos é possível olhar a natureza e dizê-la bela, desde que consideremos a beleza não na natureza propriamente mas no envolvimento que se dá do espírito na natureza. O belo é um arbítrio da arte e o aparecer sensível da idéia.

“ As obras de arte são produtos do espírito humano. Não é difícil deduzir então, que o belo artístico é superior ao belo natural. Exatamente porque no belo artístico há uma racionalidade, há uma razão que se exteriorizou no objeto ao contrário da natureza. A natureza pode até ser bela, diz Hegel, mas panas num sentido de estar subsumida ao espírito. (...). o belo natural encontra-se inferiorizado com relação ao belo artístico porque no belo natural não há o trabalho livre da razão” .

Entenderemos agora a questão a que anteriormente levantamos sobre a “ morte da arte”, sobre a sua superação no decorrer do processo dialético rumo ao espírito absoluto.

A morte da arte em Hegel.

Como já dissemos, ao se reconhecer no trabalho artístico, a razão reflete sobre si mesma. Mas também já afirmamos que, em se tratando de um processo, o espírito vai superando formas para obter tal auto – reflexividade. Desta forma, a arte também é superada e perde a sua “nobreza” enquanto manifestação do espírito. Neste sentido ocorre a morte da a rte em Hegel.

“ Os bons tempos da arte grega e a idade de ouro da última Idade Média são idos. As condições gerais do tempo presente não são favoráveis à arte. O próprio artista já não é apenas desviado e influenciado por reflexões que ouve formular cada vez mais alto à sua volta, por opiniões e juízos corrente sobre a arte, mas toda a nossa cultura lhe torna impossível, mesmo à força de vontade e decisão, abstrair-se do mundo que `a sua volta se agita e das condições a que se encontra sujeito, a não ser que recomece a sua educação e se retire para um isolamento onde possa encontrar o seu paraíso perdido”.

Ora, se o que fazia a obra de arte ser uma obra de arte era o espírito, e agora o espírito, a razão, encontra uma nova forma de se manifestar e refletir sobre si mesmo, ele deixa a obra de arte e neste momento ela morre. E que novas formas de manifestação encontra a razão para a sua manifestação?

Dado o processo histórico, a arte perde espaço como verdade ao absoluto. Outras reflexões ocupam os homens na busca do absoluto. E estas encontram-se na cultura e na religião; estados superiores à arte. Não significa que a arte foi excluída, apenas não há mais condições históricas para realizá-la.

Conclusão

A arte, como diz Hegel, por atuar sobre o sensível é limitada. Hegel ainda afirma que: “ A idéia possui, hoje, uma existência mais profunda que já se não presta a expressão sensível: é o conteúdo da nossa religião e da nossa cultura”. ( HEGEL, Os pensadores, p. 94 ).

Deste modo devemos concordar, ao seguir o sistema hegeliano, que o belo artístico é superior ao natural por ser manifestação do espírito, e que a mesma arte que outrora era real e necessária, torna-se mais um momento do processo dialético se tronando apenas “coisa do passado”.



Referências bibliográficas

Os pensadores. HEGEL. Abril cultural, p. 79 – 128.

CUSTÓDIO, L. S. A. Da morte da arte em Hegel a sua existência autônoma. Revista Veritas, V. 42 Nº 4

TROMBETA, Gerson L. O tradicional e o moderno na estética Filosófica. Conferência, 1997.





*Filósofo e poeta.







Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui