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Artigos-->Uma química entre nós -- 22/04/2003 - 09:58 (Carlos Luiz de Jesus Pompe) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Registros militares dos Estados Unidos mostram que na guerra do Vietnã foi usada uma quantidade muito maior de desfolhantes, como o agente laranja, do que anteriormente admitido. Mais: o relatório de uma pesquisa que durou cinco anos, realizado pela Universidade de Colúmbia a pedido do próprio governo norte-americano e divulgado na primeira quinzena de abril, revelou que a quantidade de dioxinas químicas causadoras de câncer encontradas no desfolhante foi grandemente subestimada. Por dez anos, os Estados Unidos jogaram produtos químicos no sul do Vietnã para destruir florestas, onde o povo se escondia dos ataques dos invasores (o desfolhante foi usado também no Brasil, contra os guerrilheiros do Araguaia, no Sul do Pará).

Segundo a pesquisa, em vez de 70 milhões de litros de agente laranja, como o governo havia reconhecido, foram usados 100 milhões de litros. Mas a chefe da pesquisa, Jeanne Stellman, diz que a descoberta mais significativa relaciona-se a dioxinas — produtos que causam câncer: "Houve pelo menos o dobro de dioxinas do que aquilo que se imaginava. E esse número é uma estimativa conservadora, porque, ao que parece, é provável que muito mais daquele agente laranja estivesse contaminado com dioxina". As conclusões da pesquisa foram divulgadas pela revista científica Nature. A equipe da Universidade de Columbia concluiu que milhões de vietnamitas devem ter sido pulverizados diretamente. Pesquisas anteriores mostraram que há vietnamitas com um nível de dioxina 200 vezes maior do que o normal em seus organismos.

A espécie humana, caçadora e predadora, tem algumas centenas de milhares de anos. O que denominamos civilização tem cerca de 10 mil anos. O conhecimento científico a serviço da guerra legou à humanidade a invenção da bomba atômica, as armas químicas e as armas biológicas - como o agente laranja. A arma biológica é composta de bactérias, fungos, toxinas, vírus e outros agentes que causam danos aos seres vivos, disseminando doenças e morte em massa. Das armas de destruição maciça, a biológica é mais difícil de ter detecção prévia e rápida do que a nuclear e a química — daí estarem os Estados Unidos até hoje estudando as seqüelas ocorridas no Vietnã, a pedido de veteranos de guerra estadunidenses (em busca de indenização financeira). Além da capacidade de matar a vítima, alguns desses germes são transmissíveis, podendo se alastrar rapidamente. Entre os germes mais conhecidos como prováveis armas estão o antraz, os vírus da varíola e do Ebola, a bactéria do botulismo, a causadora da peste bubônica e a causadora da tularemia.



Uso milenar



Desde a Antigüidade os militares usam armas biológicas. Durante a dominação romana, as fontes de água potável que abasteciam as cidades eram envenenadas. Já naquela época foram usados germes de pessoas doentes de cólera, peste ou lepra para contaminar o inimigo. Na Idade Média, europeus lançavam os corpos de seus soldados mortos nas cidades que queriam conquistar, para que espalhassem a peste bubônica. Foi um dos motivos para que, durante o século XIV, um quarto da população total da Europa, cerca de 25 milhões de pessoas, fosse vitimada. Nos séculos XVIII e XIX, os colonizadores europeus introduziram a sífilis, a gripe, a varíola, o tifo e a tularemia para aniquilar as populações nativas de outros continentes.

No século XIX, tropas inglesas deram roupas contaminadas com o vírus da varíola aos índios e provocaram uma epidemia. O objetivo, além de livrar as tribos de suas crenças e costumes anticristãos, era ocupar seus territórios. O antropólogo Mércio Pereira Gomes relata, em Os índios e o Brasil, que os nativos foram vítimas da bacteriologia desde pelo menos 1815. Uma epidemia de varíola teria sido provocada no Maranhão entre os Canelas Finas após a distribuição de roupas e brindes previamente contaminados. "Os sobreviventes contaminaram outros mais, e meses depois essa epidemia alcançava os índios já em Goiás", escreve. Para ele, "essa mistura mais cruel de guerra e epidemia é que se chama hoje de guerra bacteriológica". Mércio relata ainda que, no fim do século XIX, os "bugreiros de Santa Catarina e Paraná, financiados por companhias de imigração, deixavam em pontos determinados de troca de presentes com índios (Xokleng e Kaingang) cobertores infectados com sarampo e varíola".

No livro Viagens pelos rios Amazonas e Negro, de 1853, o naturalista inglês Alfred Russel Wallace conta que encontrou um padre "orgulhoso de ter sabido utilizar — e "diplomaticamente"–" as doenças contagiosas. O padre aconselhara "o presidente da Bolívia a combater algumas tribos de índios belicosas, instaladas no caminho de Santa Cruz, utilizando-se de uma epidemia de varíola que assolava a cidade. Em vez de queimar as roupas dos doentes que morriam para evitar a disseminação da moléstia, o frei José (era esse seu nome) sugeriu colocá-las em locais que os índios pudessem pegá-las". O inglês diz que ficou horrorizado com a maneira tranqüila e o sangue-frio com que o religioso contara que, em poucos meses, "ninguém mais ouviu falar das atrocidades dos índios. Quatro ou cinco tribos foram inteiramente dizimadas! A bexiga faz o diabo entre os índios!"

Na Primeira Guerra Mundial foi usado o gás mostarda para causar queimadura, cegueira e morte no adversário. Na Ásia, no início da década de 30 do século passado, japoneses usaram o vibrião da cólera contra os chineses. Na Segunda Guerra, os nazistas enviaram seus prisioneiros às câmaras de gás, além de realizar várias experiências "científicas" com eles.

Hoje as armas químicas têm ainda mais poder — e são largamente utilizadas. Não foi por acaso que, em julho de 2001, os EUA rejeitaram um projeto de protocolo para criar mecanismos de controle da produção de armas biológicas. O protocolo, negociado durante seis anos, pretendia instaurar um mecanismo de verificação da convenção de 1972 para a proibição das armas biológicas, que foi ratificada por 143 países, mas nunca teve sua aplicação controlada.



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