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Cordel-->ENTEDIADO, SE MATA COM UM RÁDIO -- 15/05/2002 - 21:19 (Paulo Robson de Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




Como dói ver todo dia
nossa música morrendo,
seus gênios desfalecendo
devido à pirataria.
Não se vê mais poesia
nas azuis ondas sonoras.
Este som que surfa agora
vai a reboque em instantes
mas não sem afundar antes
a Nau, dos mares senhora.

Nau que bebeu tantos mares
de inspiração... lugares...
tempos passados... futuros...
Nau que se encheu de Vida,
vidas, mortes, mortes, vidas,
risos, choros, luz, escuro
e se construiu Música.

Por um rádio verdadeiro
mesmo morto, oxalá
viverei sempre a brigar
onde for o meu terreiro.
Pedirei de corpo inteiro
música de toda idade
desde que de qualidade.
Se quem quer mudança intriga,
quero me juntar à briga
contra a mediocridade.

Mediocridade que emprega
tanto tempo em baboseiras
sem saber que essas besteiras
muitos gênios desemprega.
Deixam de tocar o “brega”,
a mais fina e nova bossa
agredindo sempre a nossa
fina sensibilidade.
São os donos da verdade:
"Só é bom o som que coça.
Só é bom o som que cria
novas gírias e dinheiro
e que lembre o estrangeiro
mesmo sendo porcaria.”

Não sou por cidadania
pátria, bairrismo, cidade.
Sou por mais criatividade
mais rebusca, mais cuidado...
Pode ser um rock ou fado
som da roça ou da cidade.


Pois
“Navegar é preciso
é preciso cantar
um barco, meu coração
alegrando a cidade”
nesta colagem
pois

Do jeito que a coisa anda
vendo a arte naufragar,
o melhor é me matar
ou partir pra outras bandas
ou refazer a debanda
para a arca de Noé
e remar contra a maré
junto à bicharada triste
que quase esqueceu que existe
Gil, Luiz, Noel, Tom Zé...

O que se vê com freqüência
na Freqüência Modular
é um bando a arremedar
o do Rio e adjacências.
Papagaios de fluência
empostada, pororoca,
entram nas nossas malocas
do Brasil, qualquer cantinho,
como se nossos bichinhos
fossem todos cariocas.

Locutores produzidos
sem qualquer criatividade
perdem sua identidade
quando são reconduzidos
aos seus Portos Esquecidos.
Reproduzem como espelho:
se eu ligar o aparelho
no Chuí, no Ivinhema,
ou no Paranapanema,
tou no rio... de Janeiro!

Por que estes locutores,
quando tocam uma beleza,
não nos fazem a fineza
de citar os seus autores?
Por que os seus programadores,
ditadores escalados,
às gravadoras grudados,
não programam o lado B
que é pra gente conhecer
o que existe do outro lado?

Não agüento a ditadura
deste rádio “brasileiro”.
Quero ouvir o verdadeiro,
quero ouvir música pura.
Quero a música que fura

nossa carne e se parte
decompondo a emoção.
Quero qualquer canção
desde que seja Arte.


talvez morto eu encontre,
se vencer a barreira
desse som irritante,

sobre as nuvens um universo
de bichinhos diversos
(inclusive papagaios)
em milhares de navios
a cantarolar, vadios,
música pura, inteira.


(Quase-cordel dedicado a Eleni Gomes, de S. J. de Rio Preto, e às rádios que ainda resistem. Leitura em duas vozes)

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