Eu andava em Taguatinga
Fazendo uma certa inspeção
Não andava em carro oficial
Quando dobrei o quarteirão
Eu vi uma cena deprimente
Um jumento inconseqüente
Maltratando um seu irmão.
Um velho muar na carroça
Levava um peso exagerado
Gemendo quase esbaforido
Parou na calçada, cansado
Seu dono num gesto insano
Dava um castigo desumano
Açoitava o pobre coitado.
Tamanha perversidade
Todo mundo percebia
Parei meu carro ali
Na hora que ele caia
Pedi com educação
Pra parar a judiação
Senão o bicho morria.
O dono daquele jumento
Um Sujeito muito cruel
Respondeu-me desaforado
Só não me mandou pro céu
Disse não ter clemência
Nem aceitava ingerência
Ficou destilando o fel.
Eu sou um cara educado
Sou calmo e muito polido
Mas não engulo desaforo
E não gosto de atrevido
O meu sangue esquentou
O que eu pedia, por favor,
Agora era caso perdido.
Enfiei lhe a mão na cara
E tomei aquele chicote
Dei-lhe uma surra com ele
Bati dos pés ao cangote
Quase matei o infeliz
Quebrei seus dentes e nariz
De galo ele virou frangote.
Quando a policia chegou
Eu fui preso por agressão
Levaram-me pra cadeia
Pra dar uma explicação
Eu falei do acontecido
O delegado convencido
Deu-me toda a razão.