Por que não tentarmos compreender o porquê do alto nível de alguns textos publicados no usina ? Em outras palavras, por que não nos voltarmos para as exceções, já que o grosso mesmo acaba escorregando pela famigerada "via de regra".
Que os leitores não insistam em se reconhecer pessoalmente no que digo, para o bem e para o mal. Falo àqueles com quem habitualmente dialogo em aberto ou por e-mail. Sabem que costumo ser bastante direto no que digo, e leal, não havendo, portanto, razão para melindres de espécie alguma.
De resto, por mais que isso se oculte, entre linhas, à primeira leitura, não é do meu feitio excluir-me das generalizações a que me vejo obrigado e exposto.
Ler e escrever são tarefas de alto risco. Risco a ser, necessariamente, compartilhado. Eu não digito apenas com o indicador, que tampouco vive em riste, como podem crer alguns precipitados.
Reler também é preciso. É o que prometo fazer também com os meus textos mais recentes, especialmente com esta minha série "Reflexões Usineiras", disposto a nunca deixar de refazer, eu mesmo, os meus percursos reflexivos. Quando houver ensejo para tanto, retrato-me, refaço-me, recomponho-me.
Nas próximas edições, passo a perseguir a idéia lançada no parágrafo inicial: buscar compreender o porquê do alto nível de alguns textos no usina . Acho que carecemos de um "paideuma".
A notícia de que o usina foi considerado o melhor site da semana pelo Estadão... Terei lido isso mesmo? Bem, só posso ficar bastante pensativo. Assunto para um dos próximos "Reflexões Usineiras".
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Uma frase do escritor francês André Gide: "Não sabia que era impossível. Foi lá, e fez."
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Dia desses, revi o filme que John Huston fez baseado no romance "Moby Dick", de Herman Melville. Destaco duas frases desse livro fantástico. Quanto à primeira, trato de mantê-la, por razões óbvias e para todos os efeitos, no original:
"There are certain queer times and occasions in this strange mixed affair we call life, when a man takes this whole universe for a vast practical joke, though the wit thereof he but dimly discerns, and more then suspects that the joke is at nobody s expense but his own."
[Herman Melville, "Moby Dick". Chapter 25. Collins Clear-Type Press: London and Glasgow, Fontana Books, 1955. Page 130]
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"Para a realização de certos empreendimentos humanos, uma desordem bem meditada constitui o verdadeiro método."
[Herman Melville. Trad. Berenice Xavier. SP: Biblioteca Folha, Ediouro. Pág. 417]
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É claro, elas não ficariam em tão boa companhia nem na secção de frases, e nem nesse bolsão de frases-(mal)feitas que é o quadro de avisos .
Manter sempre teso o arco da promessa é preciso.
O verde nem sempre significa esperança. Penso em quem pensa, lê e escreve com o fígado. Também sou capaz de considerações autocríticas e auto-reflexivas.
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O canal Eurochanel teve duas noites de nouvelle vague. Na primeira, "Pierrot le Fou" de Jean Luc Godard ganhou o apelido de "O diabo da meia-noite", se é que eu muito não me engano.
Na última seqüência, o personagem de Jean Paul Belmondo sobe ao alto de uma colina, sob o olhar inesquecivelmente terno e atento da personagem vivida por Ana Karina, enrola-se numa fieira de bananas de dinamite, ateia-lhes fogo, e grita:
"Aqui começa a era do homem dividido. Já posso falar sobre mim mesmo."
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Havia a palavra "esquisito". Um cara meio esquisitão, tá ligado? No último "Reflexões Usineiras" eu falava sobre a esquizofrenia como um fato social. Estava me lembrando. Só isso.
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SURSUM CORDA! |