Julinha, sou o Tadeu. O meu patrão e amigo permitiu-me hoje uma saída sem a sua companhia. Ó Julinha, o Toninho, às vezes irrita-me. Por exemplo, avalia esta:
Jogo habitualmente xadrez com ele. O gajo é que faz as jogadas todas. Joga por mim, joga por ele, engendra os lances mais incríveis e, quando perde, sabes o que faz?... Volta-se aos murros contra o tabuleiro e manda as peças todas pelo ar. Quando dá por ela, estão os dois reis e as duas rainhas de cócoras...
Bem, gosto imenso da tua pose, mas, francamente, estás muito mal penteada. Pra eventuais convívios sequentes, vou informar-te de uma particularidade importantíssima a fim de que leves nas palminhas o Toninho. À beira dele nunca bebas mixórdia americana, não coloques perucas, nada de enfeites artificiais. O gajo não grama sequer um bocadinho o Bush e aprecia sobretudo a natural singeleza de todas as coisas. Coloca pois uma pinguinha de vinho no teu copo e finge que bebes. Apresenta-te sempre tal e qual és. Todavia, a música ambiente, palavra, está uma delícia, embora eu goste muito mais de melodia brasileira. Mesmo assim, puseste o gajo a dançar sozinho de copo na mão. Fartei-me de rir. O gajo parecia uma ninfa a tentar esvoaçar.
De resto, de futuro, não esqueças: o Toninho logo que começa a beber não descansa enquanto não vir na garrafa a imagem de uma pipa.
Até sempre, linda miudinha. Recebe um carinhoso beijinho deste teu sincero amigo.
Tadeu Edmundo Melhor |