A BUSCA
J.B.Xavier
Chegaste pausadamente,
Extenuada de forças,
E desanimada me perguntaste,
Onde mora
A Felicidade?
O que eu poderia dizer,
Se segues por teu caminho
Em busca de sua morada?
Se tua alma,
Extenuada,
Já se cansa da procura?
Se, tendo tanto caminhado,
Encontraste apenas
A realidade dura?
Senta-te aqui comigo,
Descansa
Em meu ombro amigo,
Que vou te fazer um mapa
Exato de onde ela mora!
Vês a água que te sirvo,
Que mitiga tua sede?
Vê ali naquele alpendre
Dependurada, a rede,
Com a criança dormindo?
Vê lá adiante,
No caminho,
A casinha iluminada?
Pois eis três das residências
Onde ela fez sua morada!
Para que aqui chegasses,
Passaste pelo regato,
Pelo tronco que é a ponte...
Subiste aquela colina
E divisaste o horizonte
Já com as pernas cansadas...
Pois passaste, minha amiga,
Por mais três de suas moradas.
Mas há um lugar especial
Onde não estás procurando...
Senta-te, amiga, e descansa,
Das dúvidas que cultivas.
Serve-te em minha despensa.
O que procuras, amiga,
Assim, tão desesperada,
Está bem do teu lado,
De tua alma extenuada
Sem que notes a presença...
Acomoda-te! Te aquieta!
E deixa-te deslizar
Não a procures, e creia,
É ela que vai te encontrar!
Liberte tua emoção...
Chora! Não tenha pejo!
Lágrimas são liberdade!
Porque tudo o que almejo,
É que, depois dessa andança,
No fundo do teu coração,
Se olhares com atenção
Percebas a claridade...
Que aplaca tua fera...
É lá que a felicidade
Estará à tua espera...
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