Tento imaginar como os americanos se comportam diante do sofrimento dos iraquianos. Será que sentem desprezo pelos franceses, ódio a Saddam, remorso e pena em doses mínimas para não se sentirem culpados pelo erros da guerra cirúrgica que vitimam civis? Ou será que, por julgarem estar fazendo a coisa certa, nada sentem, apenas se instalando confortavelmente em suas poltronas para assistirem às cenas da guerra editadas pela CNN, com pipoca e coca-cola, como se estivessem numa sessão de cinema?
Na verdade não chega a ser chocante se for esse o sentimento e o comportamento da grande maioria dos americanos, um povo que ama a liberdade, a fraternidade e a igualdade a tal ponto que, para defender esses valores supremos e caros a toda a Humanidade, apoiam entusiasticamente a invasão do Iraque pelas forças militares norte-americanas, certos de que, no final de tudo, as mães iraquianas que perderam seus filhos, os filhos iraquianos que perderam os pais, ou mesmo o extermínio de famílias inteiras, terão valido o gasto de bilhões de dólares dos cofres americanos, que muito bem poderiam ter sido usados para acabar com a pobreza ainda existente nos EUA.
Para esses americanos, tudo vale a pena se a alma não é pequena, e muito mais se ambição que move essa alma americana for maior que os indignos interesses das nações que guerreiam apenas por conquistas materiais, como ouro ou petróleo.