Quando a Europa engatinhava no caminho da civilização a Mesopotâmia já era um centro de importância comercial e cultural. Medos, persas, babilônios, saduceus e outros povos já estudavam astronomia, desenvolviam a medicina, a matemática, as artes, a metalurgia e outros recursos tecnológicos que permitiriam à humanidade o grande salto para o desenvolvimento do que se convencionou chamar homo sapiens.
Os descendentes dos neandertalenses e dos homens de Cro-Magnon nada mais eram do que guerreiros rústicos e iletrados, que desenvolviam a arte da guerra, a caça e uma agricultura muito pobre na Europa, em busca de algo que melhorasse sua péssima condição de vida.
Os conquistadores árabes em busca de mais riquezas para suas terras invadiram a Europa, disseminaram seus conhecimentos pela península ibérica, pela Itália, França, e repassaram aos bárbaros suas conquistas, sem imaginar que um dia os bárbaros gerariam as bestas estadunissenses, que se voltariam para o Oriente com apetite superior a qualquer predador conhecido.
Os árabes, grandes mestres da humanidade, se viram cercados, e desde então se perguntam onde foi que erraram, se ao ensinar os bárbaros ou se deixaram de aprender os conceitos bárbaros e ficaram desatentos aos ambiciosos planos do anglo-americanos. Respostas que nunca vão chegar, pois Bush e Blair resolveram mudar a geografia política internacional com a invasão inicial do Iraque, que vai ser a cabeça de ponte para atacar outras nações árabes e subjugar de vez os países orientais.
O berço da humanidade, que um dia foi rico em homens sábios, teve uma história difícil que lhe deixou apenas a riqueza do petróleo, uma arma que não serve para agredir, mas para servir a quem o domina.
Os árabes estão sendo esmagados pelos bárbaros europeus e seus descendentes norte-americanos, que desprezaram toda a sabedoria e tentam transformar tudo em produto de consumo rápido, uma espécie de indústria cultural de mais valia(contradições).
O berço da cultura humana está sendo atacado e ninguém consegue fazer nada. Talvez a omissão humana esteja sendo apenas o prelúdio de uma hecatombe maior, muito mais bem elaborada, que permita que a morte ultrapasse os limites do berço, semeando o sangue e suprimindo a cultura e seus valores miseráveis.
Que Alá tenha pena dos homens que atacam o berço de suas histórias e de suas vidas.
Publicado no jornal O Estadão do Norte 3/4/2003 |