Usina de Letras
Usina de Letras
16 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62282 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10451)

Cronicas (22540)

Discursos (3239)

Ensaios - (10386)

Erótico (13574)

Frases (50670)

Humor (20040)

Infantil (5457)

Infanto Juvenil (4780)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140818)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6208)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->Horror Metal -- 01/04/2003 - 11:26 (Renato Rosatti) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
“The end is near! Lucifer’s angels of death are ready for attack. They’ve got only one aim: Total Destruction!”

“O fim está próximo! Os anjos de Lucifer da morte estão prontos para o ataque. Eles tem um único objetivo: Destruição total!” – da banda Destruction, do EP Sentence of Death (1984).



Existem inúmeras manifestações artísticas do “Horror”, como o cinema, literatura, quadrinhos, RPG, e na música o agressivo tema também está presente, principalmente no “Heavy Metal” e suas facções. Em todos os gêneros costumamos rotular as subdivisões porque sempre existem diferenças entre elas, e também para facilitar a compreensão dos vários estilos. Assim como no “Horror” temos por exemplo o “gótico” e o “splatter”, no “Heavy Metal” existem várias facções destacando-se principalmente o “Death Metal”, cujo som é infinitamente brutal e agressivo, e as letras abordam uma temática mais violenta, a maioria com citações explícitas de “Horror”.

O “Death Metal” ainda tem várias ramificações como o “Splatter”, “Black”, “Doom”, e começou aproximadamente em 1982 com a banda suiça “Hellhammer”, sendo um estilo musical considerado como uma porrada sonora, com vocais guturais que parecem ecoar do próprio inferno e letras podres e sangrentas, que agridem os tímpanos mais sensíveis parecendo que seu cérebro está sendo esfolado violentamente contra um muro de pedras pontiagudas e cortantes.

E é notável como o “Death Metal” é forte no meio underground com um universo vastíssimo de bandas, fanzines e fãs no mundo todo, e com um movimento bem sólido no Brasil.

Os nomes e logotipos das bandas, capas dos discos e CDs, e principalmente as letras das músicas são puras referências ao “Horror”, como podemos ver em nomes de músicas como “Vomited Anal Tract” e “Feast on Dismembered Carnage” do “Carcass”, “Carnage in the Temple of the Damned” do “Deicide”, “Premature Autopsy” do “Entombed”, “Post Mortal Ejaculation” do “Cannibal Corpse”, “Bitch Death Teenage Mucous Monster From Hell” do “Impetigo”, ou “Blood, Pus and Gastric Juice” do “Pungent Stench”.

Ou nas capas dos discos como do “Celtic Frost” (To Mega Therion) e “Massacre” (Corpse Grinder), ilustradas pelo especialista H. R. Giger, que desenhou os cenários de “Alien” (1979); do “Destruction” (Mad Butcher), que traz um açougueiro psicopata em seu matadouro humano; ou ainda a capa de “Reek of Putrefaction” do “Carcass”, que traz uma montagem com cenas de cadáveres humanos desmembrados.

Cannibal Corpse, Pungent Stench, Carcass, Deicide, Suffocation, Death, Morbid Angel, Autopsy, Entombed, Dismember, Malevolent Creation, Possessed, Slayer, Bathory, Venom (estas quatro últimas mais antigas) são apenas algumas das bandas cujas temáticas líricas são tão sangrentas quanto os maiores filmes “splatter” do cinema como “Fome Animal” (Braindead, 1992) ou “Renascido do Inferno” (Hellraiser, 1987). E no Brasil, bandas como “Sarcófago”, com faixas tipo “Recrucify” (gutural invocação às trevas para recrucificar Cristo), ou “Sepultura” (que hoje é um grande sucesso fora do país), principalmente no início de carreira em seus primeiros trabalhos, os álbuns “Bestial Devastation” e “Morbid Visions”, também referenciam o “Horror” em suas músicas. Outras bandas de estilo musical mais suave como o “Heavy Metal” de Alice Cooper ou King Diamond utilizam o Horror em suas letras, mas nada de forma tão agressiva como o “Death Metal”.

Em alguns casos o material lírico são verdadeiros contos sangrentos, onde não faltam decapitações, esquartejamentos, carnificinas, mortos-vivos em decomposição e todo e qualquer tipo de atrocidades, com muito, muito sangue em profusão, como em “Mutilation”, do “Death”, “The Cyptic Stench” e “Beyond the Cemetery”, do “Cannibal Corpse”, ou “Blood Pit of Horror”, do “Impetigo”, que mostra a agonia e desespero de uma mulher sendo ferozmente torturada num aparelho que estica seus ossos até trincarem.

Outras letras falam de insanidade e obsessão pela morte, evidenciando uma mórbida atração pelo lado obscuro do além e a satisfação de ter suas carcaças podres de vísceras e ossos sendo devoradas por vermes pestilentos.

Há também a vertente do satanismo e bruxaria, onde as letras falam de legiões de demônios malignos asquerosos aliados a anticristãos na incessante batalha contra o Bem, destruindo igrejas e massacrando anjos, santos, padres e todos os seguidores de Cristo, não poupando nem as freiras, que são estupradas violentamente por demônios putrefatos, como em “The Invocation”, do “Morbid Angel”, que narra a invocação gutural de um demônio, “Sacrificial Suicide” e “In Hell I Burn”, do “Deicide”, ou “Satan’s Curse” do “Possessed”.

Outras bandas referenciam explicitamente grandes clássicos do cinema como “O Exorcista” (The Exorcist, 1973) e “The Evil Dead” (1982), homenageados por “Possessed” e “Death” respectivamente, ou grandes obras da literatura como em “Dead By Dawn”, do “Deicide”, referenciando o livro dos mortos Necronomicon, criado por H. P. Lovecraft.

O “Horror” e o “Death Metal” são agressivos por natureza e há uma forte ligação entre eles devido à violência de suas propostas de chocar as pessoas. Porém, ambos possuem um único objetivo que é o de entreter os fãs, através de ficção e músicas agressivas. O que realmente assusta é a violência urbana e a realidade de um mundo em constantes conflitos e guerras, que nos obriga a sermos agressivos e fortes também para sobrevivermos em meio ao caos. E a ficção e a música resumem-se numa única palavra: DIVERSÃO!



“... I like to slide my hand inside your stomach and rip out the putrid remains, drink the pus and munch on internal organs...”

“... Eu gosto de deslizar minha mão por dentro de seu estômago e rasgar as sobras pútridas, beber o pus e mastigar os órgãos internos...” - Psychopathologist, da banda Carcass.



A MACABRA ARTE DO CAOS



O “Horror” está presente na agressividade do “Death Metal”, refletido principalmente em suas temáticas líricas, as quais falam desde satanismo, magia negra, morte, guerras apocalípticas, passando por carnificinas brutais, insanidade e decomposição do ser humano, até referências a filmes de horror.

E se reflete também nas capas dos discos de vinil e Cds, onde fantásticos artistas exercitam suas habilidades com ilustrações que parecem descrever o próprio inferno. E quando não são desenhos insanos, são colagens de fotos reais sobrepostas de pedaços de cadáveres em decomposição e partes de corpos gangrenados ou vítimas de horrendas mutilações. Tudo com o propósito de diversão, agredindo e chocando as pessoas.

São centenas de fabulosos trabalhos onde os artistas versam sobre diversos e variados temas, viajando pelos caminhos mais obscuros da imaginação para criarem cenários lúgubres de devastação ou as mais bizarras aberrações já concebidas, num paralelo bem próximo às criaturas indizíveis do escritor H. P. Lovecraft.

Entre estes artistas, podemos citar o grande desenhista suiço H. R. Giger, cujos trabalhos ilustraram capas do “Celtic Frost” e “Massacre”; Michael R. Whelan (vencedor do “Prêmio Locus” 1996) que assinou capas do “Sepultura” e “Obituary”; ou ainda Edward J. Repka, Dan SeaGrave e Derek Riggs, que são marcas registradas das bandas “Death”, “Entombed” e “Iron Maiden”, respectivamente.

O horror é o ponto de partida desse mórbido universo da ilustração, onde as capas dos discos são desenhos que retratam a macabra arte do caos, mostrando sangrentos campos de batalhas, monstros inomináveis, demônios, cenários depressivos de devastação, autópsias, dissecações, e todo o inferno sombrio que povoa nossos pesadelos assustando e principalmente nos divertindo.

Seguindo o conceito que capas interessantes e bem trabalhadas vendem livros e discos, fica muito difícil não querer conhecer o som da banda “Exorcist”, cujo disco “Nightmare Theatre” traz uma excelente idéia, mostrando os seus quatro integrantes na capa em estado de decomposição como cadáveres em putrefação. A música é até legal, falando de bruxaria na época da inquisição, mas a capa do disco é muito melhor.

Um dos maiores monstros sagrados do “Heavy Metal” mundial é o “Iron Maiden”, cujas capas dos discos trazem variados desenhos sempre com a presença do mascote da banda, Eddie. São fantásticas ilustrações a cargo de Derek Riggs como podemos ver em “The Number of the Beast” com a criatura Eddie no inferno manipulando uma marionete que é um pequeno demônio, ou em “Piece of Mind”, com Eddie confinado e amordaçado em uma camisa de força.

O desenhista H. R. Giger marcou sua presença ilustrando o álbum “To Mega Therion” do “Celtic Frost”, mostrando um obscuro demônio agredindo Jesus Cristo.

Já o ilustrador Dan SeaGrave mostrou sua arte em cenários indescritíveis da mais profunda desolação nos discos “Left Hand Path” e “Clandestine”, do “Entombed”. E em “Effigy of the Forgotten”, do “Suffocation”, mostrou uma estranha máquina cibernética massacradora de seres humanos.

Em “Severed Survival”, do “Autopsy”, Kev Walker desenhou quatro bizarras criaturas efetuando uma sangrenta cirurgia em cujo paciente somos nós, que estamos olhando para a ilustração, e que sentimos como se rasgassem nossas carcaças ao ouvir a brutalidade sonora da banda.

As bandas americanas “Death” e “Massacre” tiveram seus discos ilustrados por Edward J. Repka, mostrando fantásticos desenhos como por exemplo as horrendas criaturas vindas do além (“From Beyond”, do “Massacre”) ou esqueletos celebrando a morte (“Scream Bloody Gore”, do “Death”).

Já os alemães do “Morgoth” tiveram em seu disco “Ressurrection Absurd”, uma excelente e incrível ilustração mostrando uma macabra criatura indizível, que parece materializar a própria dor, o sofrimento e a agonia do mundo, combinando com maestria com o arregaçador som da banda.

Estes são apenas alguns pouquíssimos exemplos do horror presente nas capas dos discos de bandas de “Death Metal” e suas ramificações, cujas imagens nos incitam à imaginação, fazendo-nos mergulhar profundamente num mundo sombrio habitado por mórbidas criaturas.



Nota do Autor: Esses artigos foram escritos originalmente em 1995 e publicados na extinta revista “Horrorshow”, números 1 e 3, da Editora Escala (São Paulo/SP). Portanto, são textos notavelmente datados, descrevendo eventos da época. Muita informação surgiu desde então, nesses últimos anos, mas independente disto, os textos podem servir como uma referência do poder criativo resultante da agressiva união entre o Horror e o Death Metal no período abordado.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui