Tadeu - Ó Toninho, está seguramente provado que o tabaco dá cabo dos pulmões e mata. Cuida de ti, pá. Olha pra isso: cinzeiro cheio de beatas, duas embalagens vazias e a terceira já vai a meio. Larga os cigarros Toninho, estás a matar-te.
Toninho - Claro que estou, aos bocadinhos e muito devagarinho, suavemente e ao mesmo tempo a sentir um prazer do caraças...
Tadeu - Toninho, ó amigo, escuta-me: vou ficar sem ti e isso para mim tem algo de insuportável...
Toninho - Ah... Tem?! Então deixa de andar de carro, vende-o, e eu deixo de fumar...
Tadeu - Mas, mas... Vender o meu rico carrinho?... Era o que faltava!...
Toninho - Pois, não ligas absolutamente nada às estatísticas. Pior, sequer pões bem em mente como ficam os gajos que não fumavam e se enfiam pelas paredes dentro e uns contra os outros...
Tadeu - Ah... Mas...
Toninho - Nem mas, nem meio mas. Essa cambada que se bate com unhas e dentes contra o tabaco, além de constituir uma corja de imbecis, sequer raciocina - e agora não te rias - que, enquanto estou com os pulmões cheios de fumo do tabaco, não os encho com o dióxido de carbono, e esse, sim, mata que se farta. Mais, mata e depois quando se faz a autópsia, se o gajo tiver os pulmões castanhos do fumo, claro, dizem que foi do tabaco. Vão eles lá atacar um negócio monstro. Entendes, Tadeu ?!...
Tadeu - Ena!... Pelo menos, como tenho sério respeito pelos outros, vou pôr um dístico bem visível no meu carro: ATENÇÃO, ESTA MÁQUINA PODE MATAR.
Toninho - Não podes. Tens de tirar licença e vais ver que a cambada não autoriza...
Tadeu - Mas...
Toninho - Nem mas, nem meio mas, porra !
António Torre da Guia
|