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Artigos-->COMO PERDER DE VISTA UM OBJETIVO - PARTE 1 -- 30/05/2001 - 19:32 (J. B. Xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
COMO PERDER DE VISTA UM OBJETIVO



Parte 1



Tenho tentado compreender como um país que se encontra à beira de um colapso, motivado por falta pura e simples de energia, que seguramente andará para trás alguns anos, que perderá competitividade internacional, que dá risada na cara dos investidores sérios que despejaram dinheiro para o seu desenvolvimento, que rasga compromissos assumidos, que passa por cima da Constituição como se fora uma república das bananas, que desmancha o sonho de milhões de empreendedores, que dá um péssimo exemplo às crianças que um dia o dirigi-rão, pode concentrar-se mais nas renúncias de políticos corruptos que na busca de soluções para seu problema letal e imediato!

Lembra-me um texto – cujo autor nunca se identificou - que me chegou ás mãos há mais de duas décadas, em francês. Por não se conhecer a procedência deste texto, tanto pode ser francês quanto inglês, ou até mesmo bra-sileiro. A presente tradução é livre, assim, procedi a algumas adaptações e atualizações que o trouxesse para os dias atuais. O importante é que ele trata de pessoas envolvidas com um problema seríssimo, mais sério até do que nossos apagões. Veja como eles resolveram o problema...



A ARCA DE NOÉ

L’arche de Noé.

Tradução e adpatação: J.B.Xavier



Absalão era um homem que se podia conceituar como justo. Era um estudioso, e quando repetia aos sábios que os lados de um quadrado eram iguais, tornava-se realmente difícil entendê-lo.

Dos seus 60 anos de idade, a maior parte havia dedicado à arte da guerra, na qual eram aplicados concei-tos técnico-científicos. Particularmente, era apaixonado pela organização das forças de combate e no uso de ar-mas avançadas, tais como lança de grande alcance, setas orientadas e a última novidade bélica: o lançador de pedras!

Era um verdadeiro líder.

Com o avanço da idade e o correspondente aumento da sabedoria, Absalão também se preocupava com assuntos humanos os quais, porém, o perturbavam um pouco. O Criador já não era reverenciado como no seu tempo; os filósofos eram ridicularizados; havia uma inversão completa na política, acreditava-se mais na energia e estultice dos jovens do que na ponderação e sabedoria dos mais idosos. Um dia andava Absalão pela ravina quando de repente, - PUFF! - uma nuvem de fumaça apareceu, acompanhada de uma voz tonitruante:

- ABSALÃO!!!

Absalão prostrou-se. Só podia ser o Criador! E era! Em pessoa!

-ABSALÃO! -voltou a voz- NÃO ESTOU CONTENTE COM OS HOMENS. ESTÃO POLITIZADOS, GUERREIAM ENTRE SI E SÓ DEFENDEM INTERESSES PRÓPRIOS. O TRINÔMIO ADÃO-EVA-COBRA DEU NISSO... FAREI CHOVER POR 40 DIAS E 40 NOITES ATÉ COBRIR A TERRA DE ÁGUA, O QUE SERÁ CONHECIDO COMO DILÚVIO... MAS QUERO QUE UMA NOVA HUMANIDADE NASÇA DE UM HOMEM INTELIGENTE, PRÁTICO E COM OBJETIVOS. VÁ E CONSTRUA UM BARCO PARA VOCÊ E SUA FAMÍLIA E COLOQUE NELE UM CASAL DE CADA SER VIVO. VOCÊ TERÁ 4 MESES PARA ESTE EMPREENDIMENTO. MEU CONTATO COM VOCÊ SERÁ O ARCANJO GABRIEL, QUE COSTUMAM CHAMAR DE MINISTRO DE DEUS. PUFF!!- e a nuvem se foi...

Absalão ergueu-se lívido. O Criador o elegera gerador de uma nova humanidade! todas as suas idéias seriam propagadas para o futuro. Absalão pouco conhecia de barcos ou de navegação mas nem pensaria em discutir a grande oportunidade que o Criador lhe oferecera. Mas precisava resolver um problema técnico-científico - constru-ir um barco enorme - que objetivo! Absalão provaria que era capaz de salvar a humanidade com a sabedoria dos mais velhos e a energia dos mais jovens.

Rebuscou a memória.

Conhecia um engenheiro naval chamado Neul, ou seria Neus? Não! Noé! Sim, era este o nome! Noé poderia construir-lhe o barco. Ele, Absalão seria o coordenador

do Empreendimento e Noé seria o técnico. Famoso por sua objetividade, logo já conversava com Noé.

- Meu caro, quero encomendar-lhe um barco - e dos grandes!

- Perfeitamente, meu senhor, mas de que tipo e para que espécie de carga e navegação?

- Ora, Noé, isto são detalhes. É um barco para grande carga e águas pesadas. Quero fazer uma longa viagem com a família e levarei tudo.

- Esta bem, senhor, aqui mesmo temos floresta com madeira de densidade de 0.8 g/cm3 em quantidade sufici-ente. Se a carga é grande, faremos o centro de gravidade baixo e o centro de empuxo alto, de modo a obter grande estabilidade. Acho que com 10 bons carpinteiros, que consigo arranjar na aldeia, e um mês de trabalho duro, estaremos com o barco pronto.

- Perdão, Noé, não queria interrompê-lo, mas como pode ter certeza desta dencidade da madeira? Sabe se os homens são realmente competentes? Se trabalharão com

eficiência?

- Senhor, a unidade a que me referi chama-se densidade, e os homens são carpinteiros, já meus velhos conheci-dos...

- Não, não, Noé, disse Absalão com um sorriso de condescendência, este Empreendimento é grande e a coor-denação é minha. Serei o presidente e você será o técnico. Combinado?

- Combinado, senhor, o barco é seu e quem manda é o senhor, replicou Noé, dando de ombros. Levantou-se para cumprimentar Absalão e retirou-se. Absalão ficou pensando: "Puxa, não ha-via pensado nisso! São precisos carpinteiros para cortar as árvores e construir o barco! É preciso selecionar bem estes homens, pois o Empreendimento não pode falhar. Ah! Já sei! Meu auxiliar na Cruzada Santa das Três Pe-dras fez uma ótima seleção de lanceiros. Roboão é o seu nome. Hoje está selecionando beterrabas para uma indústria, mas virá trabalhar comigo por um salário um pouco maior.



* * *



- Mas, chefe, se o técnico disse 10 carpinteiros precisaremos de no mínimo 15! O senhor sabe, faltas, doen-ças, férias, turn-over... e para selecionar bem 15 homens temos que explorar um universo de pelo menos 150 a 200 candidatos. Levarei algum tempo para isso e precisarei de auxiliares.

- Confio em você, Roboão. Já fez um bom trabalho para mim e tem grande experiência com Pessoal. Real-mente achei Noé muito simplista. Convide quem você achar melhor para realizar o recrutamento e seleção dos homens para a tarefa. Mantenha-me informado.

- Certo, chefe, sairei em campo imediatamente. Obrigado pela confiança.



Nesta noite Absalão dormiu satisfeito. Em menos de 24 horas após receber a missão do Senhor já tinha o téc-nico e o especialista em pessoal. Dormiu embalado pela algazarra que ainda faziam os 20 membros de sua famí-lia na festa de inauguração do Empreendimento.

O segundo dia amanheceu tranqüilo e claro. O Presidente foi acordado por Roboão com boas notícias:

- Chefe, já tenho cinco homens anunciando no povoado - é a fase de recrutamento. De acordo com o mercado estamos oferecendo cinco dinheiros.

- Mas, Roboão, não será pouco? Minha mulher ganha 9 dinheiros cosendo para fora...

- Deixe comigo, chefe. No recrutamento da última batalha pagamos 8 dinheiros para valentes combatentes, e economizamos um bom bocado. Estes são apenas carpinteiros que não podem ser comparados aos combatentes ou à sua senhora. Temos assim 5 recrutadores e 10 examinadores para a fase de seleção menos de 10 % dos candidatos esperados!

- E quanto ganharão?

- O salário desta equipe varia de 8 a 12 dinheiros pois são especialistas. Chefe, um probleminha a mais: Não quero responsabilidade com o numerário e não sou bom de contas. O trabalho com o pessoal já é o bastante. Não acha melhor termos um homem para a gerência do Empreendimento?

- Bem lembrado, Roboão, mas não conheço nenhum e deve ser um homem de confiança.

- Chefe, se me permite, quero lembrar-lhe o Judas, que se ocupava do dinheiro das forças de combate.

- Não. Não. Roboão. Esse negócio de dinheiro com pessoal das armas não dá certo. Pensemos em outro! Deve ser um especialista na coisa, você me compreende?

- Então, chefe, poderemos fazer uma seleção entre candidatos. Sairei em campo.

O Empreendimento crescia de vento em pôpa. As equipe de recrutamento e seleção já estavam em plena ope-ração. As finanças já tinham um responsável. Mas, onde colocar esse pessoal? Absalão partiu com seu habitual dinamismo e logo adquiriu uma grande cabana, já com divisórias e tapetes, e contratou imediatamente o pessoal da zeladoria e segurança. Eram todos velhos conhecidos das forças de combate.

Iniciou-se assim, a operação em grande escala.

- Senhor Presidente - falou timidamente a graciosa telefonista, está aqui o Dr. Noé com alguns desenhos e...

- Minha filha, já lhe disse para não interromper. Diga ao Noé que passe depois do almoço.

Absalão continuou a entrevista com o futuro gerente do material, Jacob, seu velho conhecido de carreira.

- Pois é, amigo Jacob, preciso cercar-me de gente de confiança, para o sucesso do Empreendimento. Mate-rial é uma área delicada e não tolerarei desvio de estoque!

- Certo, chefe! sabe que pode confiar em mim! Nunca sumiu uma flecha ou lança no meu tempo, mas o arma-zenamento de madeira exige um almoxarifado adequado. Para o controle vou precisar de alguns arquivos, armá-rios, arquivos Cardex, prateleiras e pessoal de apoio.

-Justo, Jacob! Encomende as prateleiras na carpintaria do povoado e fale com Roboão para o recrutamento do pessoal necessário.

Neste momento entrou Cloé, a secretária executiva do Presidente.

- Senhor Presidente, acaba de chegar um relatório da Segurança, indicando certos nomes que não devem ser contratados...Há suspeitas de que alguns não são muito confiáveis...

- Ótimo trabalho de Primus. Jamais lhe faltou a intuição! Precisamos estar alertas!

- Ah! outra coisa, senhor Presidente. o Dr. Noé telefonou novamente. Parece aflito para a aprovação de alguns desenhos.

-Ora, esse Noé! Sempre querendo me confundir com idéias de madeira, centros de fluxo...ele sabe que sozi-nho não posso me responsabilizar pela aprovação desses desenhos. Diga-lhe que nomearei um grupo de trabalho do barco, o GT-Bar, para dar-me um parecer. O homem é bom de projetos, mas nada entende de custos ou de administração por objetivos. Teremos tudo nos eixos tão logo chegue meu chefe de administração. Ele vai colocar ordem e método nessa turma: Quero ver produção!

Quinze dias se passaram e o organograma proposto já se encontrava na mesa do Presidente: Uma Diretoria das Coisas (DC), uma dos Investimentos (DI) e uma de Barco (DB). O DB já havia montado um laboratório espe-cializado para a medida da densidade da madeira, análise de fungos e cupins, e já estavam instalados os equipa-mentos para medir a elasticidade e flexibilidade.

Em apenas quinze dias a Administração havia elaborado as provas de seleção para arquivista e desenho na-val, provas de seleção para selecionadores de pessoal de Seleção e Recrutamento, pessoal de apoio, etc...

Roboão, como um cumprimento ao chefe, havia mandado comprar uma charrete último tipo, de seis rodas e boléia separada, acompanhada de charreteiro, naturalmente. Houve um pequeno atrito com Jacob, (chefe do ma-terial), mas como eram companheiros de batalhas, o incidente foi esquecido e contornada a auditoria.

Naquela noite, o Presidente estava cansado, mas não esquivou-se de receber Noé em sua residência.

- Sr. Presidente, desculpe-me interromper seu descanso, mas o projeto já esta pronto e as pessoas do GT-Bar ainda não foram nomeadas. O material já está especificado, mas o laboratório ainda não emitiu o laudo de apro-vação da madeira e não conseguiu os carpinteiros para o corte. Se o senhor pudesse me autorizar a trazer os carpinteiros conhecidos do povoado...

- Não se preocupe, Noé. Falarei amanhã com o DB e apressarei a contratação do pessoal. Você sabe, apesar de Presidente, não posso mudar as regras da Organização autorizando diretamente seus carpinteiros. Da chefia vem o exemplo do cumprimento às normas. Não se preocupe que o Empreendimento está nas mãos de profissio-nais - os melhores! Boa noite, Noé.

Noé afastou-se sem entender muito bem. Havia sido contratado para fazer um barco. Agora estava às voltas com normas, instruções, exames de seleção...Balançou a cabeça. As coisas deviam ser complicadas mesmo. Mas o Presidente era um homem capaz senão não seria Presidente! Partiu otimista para sua cabana. Se o Pre-sidente disse, é porque tudo vai indo muito bem.

* * *



Fim da primeira parte
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