O homicídio da menina Isabella balançou o coração e a alma de milhões de brasileiros nos últimos dias. Uns condenaram, outros absolveram e tantos outros permaneceram indiferentes à monstruosidade evidenciada nos noticiários do país inteiro previamente atribuída, ainda sem provas suficientes, ao seu pai e à madrasta. Só não soube da tragédia quem não viveu nestes últimos dias. A notícia tomou conta do país como um todo.
Nosso cotidiano extrapolou as raias do selvagerismo. Nosso lobo interior transformou-se em um dinossauro mais perverso ainda. Perdemos os rumos da vida humana. Nosso olhar tem apenas se dado conta de que no horizonte habita o mal e por isso tem procurado apenas por ele. Temos regredido a um tempo bem anterior ao das cavernas. A humanidade descarrilhou e tem confundido o sentido e a direção do bom viver. Até onde iremos? Há ainda salvação?
Temos sabido que em alguns lugares do planeta a falta de arroz e trigo tem ceifado vida de milhões de miseráveis. A sede também tem contribuído para que essas mortes tenham suas cifras aumentadas. E a garota Isabella, aparentemente tão bem nutrida, por que morreu? Faltaram o arroz e o trigo na alma dos seus pais, caso tenham sido eles mesmos os autores materiais desse bárbaro homicídio. O maior dolo desse crime está dentro da alma de quem o executou. Faltam o arroz e o trigo de Deus dentro desse coração ou desses corações e foi por isso que alguém colheu o joio dentro de si mesmo e alimentou o seu próprio mal. Isabella será para sempre o retrato fiel do tamanho da maldade que semeamos dentro de todos nós.
Estamos nos acostumando com a violência. Parece apagarem-se dentro de nossos corações as luzes da sobrevivência digna. O homem tem habitado verdades impróprias a ele mesmo. Estamos colhendo os venenos que semeamos dentro de nós como se a vida não nos fosse mais o nosso maior bem. Não podemos nem devemos nos comparar aos bens materiais como o petróleo, o carro, a casa..., mas entender que somos os frutos do amor de Deus. A natureza é o nosso lar natural e o amor, o nosso único combustível de vida. Se continuarmos a matar inocentes, seremos as maiores e mais cruéis vítimas do nosso próprio desamor.
A menina Isabella é o ultimo grande exemplo de maldade executada. Estamos desaprendendo a sermos humanos, cristãos, homens. O rastro podre que enxergamos ao olharmos para trás, parece não nos ser mais tão significativo. Não vejo mais o divisor de águas entre o que somos realmente e o que estamos realmente querendo ser no presente. Descaminhamos, descarrilamos, morremos.
Há uma grande ausência de Deus no perverso homem de hoje. O dinheiro, a luxúria, a falta de amor e de amizade estão nos levando à s raias da monstruosidade e do santo extermínio. Ou paramos para pensar e mudamos ou a menina Isabella será apenas um descuido do nosso olhar moderno e permitiremos que o tolo e qualquer perdão nos faça esquecer tudo. Falta Deus antes de qualquer outra grande falta nossa. No arroz e no trigo é bem mais fácil pormos a culpa fantasiosa das últimas mortes de inocentes em nosso planeta, vitimados pela violência do homem.