Olavo Bras Martins dos Guimarães Bilac, o Grande Olavo Bilac escreveu um dia na primeira estrofe de um de seus mais sublimes poemas - Língua Portuguêsa:
"Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura”
Ouro nativo, que na ganga impura,
A bruta mina entre os cascalhos vela!"
Se Bilac vivo fosse, e visse a maneira como alguns "escritores" a estão utilizando, talvez reescrevesse seu poema para algo assim:
“ Última flor do Lácio, que te esfacelas,
És, neste tempo, nada mais que sepultura”
Ganga nativa, antiga e impura.
Bruta mina que inútil te revelas!
Estás à mercê da mentira e da vaidade,
Em mãos de artistas medíocres, covardes,
Que, sem clarins, sem trompas, sem alardes,
Retiram o teu brilho e tua mocidade!
Transforma-te nas mãos desses desvairados,
Que te transmutam em algo irreconhecível,
Fazendo de ti o poema, o verso sofrível,
Relegando-te a forma, sem os teus agrados.
No Lácio nasceste, e ganhaste mundos,
Cruzando airosa grandes oceanos,
Mantendo-se viva todos esses anos,
Nos romances ternos e versos fecundos.
Eis que agora morres, triste e vencida.
Em versos e poemas que te rasgam inteira,
Terás sido, enfim, apenas passageira
Do tempo. E morrerás, velha e esquecida.
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