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Artigos-->ARRISCAR-SE É PRECISO! -- 28/05/2001 - 05:23 (J. B. Xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
ARRISCAR-SE É PRECISO!

J.B.Xavier



“Ou você esquece o passado, ou o futuro esquece você”.

(Simon Franco)



Arrisco-me, neste artigo, a falar de riscos!



Tenho notado que um dos fatores que mais tem alienado pessoas é justamente o risco a que foram expostas recentemente. Entenda-se “recentemente” como sendo a partir da deflagração do processo globalizador que transformou o mundo numa aldeia universal.

Há até bem pouco tempo, expor-se ao risco era uma opção. Quem não tinha os talentos de aventureiro ou conformava-se com uma existência segura, ainda que medíocre, ou poderia ficar nesta espécie de limbo existencial pelo resto de seus dias. As empreitadas, as aventuras, eram coisas para irresponsáveis, ou para aqueles dotados de algum dom especial, estranhamente e especialmente pelos céus concedido.

Assim, ainda que os inovadores tenham sempre existido e corrido riscos, com muitos deles sacrificando as próprias vidas pelas idéias que defendiam, o mundo repetia-se, e mesmo avançando, podia-se ver claramente os padrões de repetição que desenvolvia. A esse respeito, disse o grande Lampedusa (2) em seu livro mais famoso, O Leopardo: “é preciso mudar sempre para ficar tudo como está”.

Há uma incongruência, um paradoxo embutido no processo da evolução, porque, se de um lado, numa ponta, a natureza nos compele a repetir as fórmulas que dão certo, na outra ela nos obriga a evoluir sempre, com o novo constantemente se sobrepondo ao velho.

Assim, gostemos ou não, somos obrigados a evoluir e, para tal, correr riscos.

Aníbal (247-182 a.C.), grande general cartaginês, resolveu correr riscos enormes ao desafiar toda a lógica do bom senso e atravessar os escarpados Alpes com seus elefantes. A marcha sobre Roma a partir da Hispânia e através dos Alpes, entre 218 e 217 a.C. continua sendo uma das façanhas mais ousadas e grandiosas da história militar.

Mas, o mais interessante, é que, utilizando-se de técnicas convencionais, Cipião, o Africano, que havia derrotado os cartagineses na Hispânia, desembarcou no norte da África e derrotou Aníbal em Zama.

Seu nome, porém não é popular, e ele deve o fato de constar nos anais da história exatamente a Aníbal, a quem venceu.

Assim, a história reverencia os ousados e esquece o convencionais.

Quem não se lembra das ousadias de Napoleão Bonaparte (1769-1821), que tendo saído do nada, tornou-se Imperador da França? Na batalha de Waterloo, porém, ele foi derrotado por forças convencionais. Alguém lembra do nome de seu vencedor?

Na Guerra da Secessão Americana, o General Robert E. Lee, encabeçando as forças libertárias do Sul, chegou, através de batalhas ousadas, a fundar uma nação, com bandeira e constituição próprias. Mas, na batalha de Gettysburg, ocorrida entre um e 3 de julho de 1863, ele foi finalmente vencido. Juntamente com essa batalha, Lee perdeu também a guerra. Alguém se lembra do nome do vencedor? Embora tenha perdido a batalha final para um general com métodos tradicionais, foi, na verdade, e em última instância, outro ousado que o venceu: Abraham Lincoln, cujo gosto pelo risco é sobejamente conhecido.

Vale ressaltar que, embora tenha o Sul perdido a guerra, o Norte reconheceu e absorveu as mudanças que ela causou, resultando daí num lento, mas inxorável processo de libertação da raça negra nos Estados Unidos, que culminou com Martin Luther King e sua cruzada em prol dos diretos iguais entre negros e brancos.

São, portanto, os ousados que definem a história. São eles que, como disse Geraldo Vandré(3), “fazem a hora, não esperam acontecer.”.

Há não muito tempo, olhávamos para trás e tomávamos como referência nossas experiências. Projetando-as no futuro, obtínhamos uma linha reta sobre a qual montávamos nossa vida e nossos atos, numa rota absolutamente previsível.

Segurança! Essa era a palavra de ordem! Ela era - e ainda é - uma das metas fundamentais pela qual se bate todo ser humano. Na pirâmide das necessidades humanas, da teoria de A.H. Maslow (4) o item Segurança ocupa o primeiro lugar, ou seja, antecede a todas as outras necessidades do ser humano. “Uma vez não satisfeita essa necessidade” diz Maslow “toda a nossa auto confiança fica abalada”.

Entretanto, o processo globalizador veio para ficar, porque, como disse sabiamente Victor Hugo, "Nenhum exército pode resistir a uma idéia cujo tempo chegou".

Assim, por sermos fruto de um passado recente em que imperava, sobretudo a segurança, e por estarmos sendo empurrados à força para um futuro de onde foram retiradas as garantias, movemo-nos desajeitada e lentamente, num universo que prima pela velocidade e pelo arrojo.

Paul Valéry (5), (1871-1945), poeta francês considerado um dos maiores escritores filosóficos modernos em verso e prosa, antevendo as mudanças que estavam chegando com o avanço da tecnologia, disse, no início dos anos quarenta:

” O futuro já não é o que costumava ser.”.

Certamente ele se referia às mudanças radicais que a guerra globalizada estava causando no comportamento da humanidade. Ele anteviu que, pela primeira vez, foi possível ao homem juntar esforços em escala global e, se isso era possível, certamente as vantagens e desvantagens de tal globalização também o eram.

Hoje, mudanças e ousadia já não são mais privilégio dos heróis, porque em todos os níveis sociais ela é necessária. Mais que isso! É obrigatória. Não podemos esperar resultados diferentes de ações repetitivas e nem podemos, como disse Mark Twain (6). “depender de nossos olhos se a nossa imaginação estiver fora de foco”.

Rudyard Kipling, (7) o grande poeta inglês, genialmente, coloca assim a questão:





"Rir é arriscar-se a parecer doido...

Chorar é arriscar-se a parecer sentimental...

Estender a mão é arriscar-se se comprometer...

Mostrar os seus sentimentos é arriscar-se a se expor...

Dar a conhecer as suas idéias, os seus sonhos, é arriscar-se a ser

rejeitado.

Amar é arriscar-se a não ser retribuído no amor...

Viver é arriscar-se a morrer...

Esperar é arriscar-se a desesperar...

Tentar é arriscar-se a falhar.

Mas devemos nos arriscar!

O maior perigo na vida está em não arriscar...

Aquele que não arrisca nada...

Não faz nada...

Não tem nada...

Não é nada”.



De olho no passado, caminhamos de costas para um futuro cuja única certeza é a presença constante da incerteza. Entretanto é a incerteza que leva à duvida, e é esta que leva ao questionamento, e é este que, finalmente leva à pesquisa e ao progresso.

Meu amigo Simon tem razão, quando escreve em seu livro ‘ Criando o Próprio Futuro“:

“Ou você esquece o passado, ou o futuro esquece você”.



***



(1)– Simon Franco é Um dos mais renomados Head Hunters do Brasil, e autor do livro

“Criando O Próprio Futuro” (Editora Ática) onde discute os processos de mudança e a melhor forma de utiliza-los como ferramenta para criar as próprias oportunidades. É o palestrante mais citado e ouvido pela imprensa brasileira na atualidade e fonte permanente de consulta dos órgãos mais representativos da mídia nacional. É também um dos integrantes da equipe do MBA Empresarial da Fundação D. Cabral e representante da rede mundial de Consultoria H. Neuman para a América Latina.



***



(2) – Giuseppe Tomasi di Lampedusa. Para saber mais leia:

- I Gattopardi di Donnafugata by A. Vitello (1963);

- Invito alla letture di by Giancarlo Buzzi (1972);

- Aspects of the Novel, and Related Writings by E.M. Forster (1974);

- Il Gattopardo, i racconti, Lampedusa by Giuseppe Paolo Samona (1974);

- Writers and Politics in Modern Italy by John Gatt-Rutter (1978);

- The Modern Italian Novel from Pea to Moravia by Sergio Pacifici (1979);

- I Gattopardi e le iene by N. Zago (1983);

- The Last Leopard by David Gilmour (1988);

- Plotting the Past by Cristina Della Colletta (1996);

- Encyclopedia of World Literature in the 20th Century, ed. by Steven R.Serafin (1999, vol.4)

- Other modern Sicilian writers: Leonardo Sciascia (1921-89)



Principais obras

- Il gattopardo, 1958 - the leopard - tiikerikissa - film 1963, dir. By luchino visconti, starring burt lancaster and claudia cardinale

- Lezioni su stendhal, 1959

- Racconti, 1961 - two stories and a memory - seireeni ja muita kertomuksia

- Invito alle lettere trancesi del cinquecento, 1971



***



(3)-Geraldo Vandré -(1935 - ) Músico brasileiro autor de “Pra não dizer que não falei de flores”



***



(4)-Para saber mais, leia Motivation and Personality – Maslow, A. H. – Harper & Row – 1970



***



(5)-Para saber mais ver Literatura francesa:

- Álbum de versos antigos (1921).Sua primeira obra poética denota a influência do simbolismo.

- A jovem parca (1917)

- O cemitério marinho (1920)

- Carmens (1923).

- Introdução ao método de Leonardo da Vinci (1895), Prosa na qual analisa o método criativo.

- O senhor Teste (1895) – Ficção.



***



(6)-Jornalista, humorista e escritor americano. Ficou mundialmente conhecido como autor de Tom Sawyer and Huckleberry Finn. Sensível ao som da de seu idioma, Twain introduziu a linguagem coloquial na ficção americana.

Em seu livro Green Hills of Africa, Ernest Hemingway escreveu: "Toda a moderna literatura americana vêm de um livro de Mark Twain chamado Huckleberry Finn..."



Para saber mais leia:

- The celebrated jumping frog of calaveras county, and other sketches, 1867 - film best man wins (1948)

- Screamers, 1871

- Mark twain s (burlesque) autobiography and first romance, 1871

- Eye openers, 1871

- Practical jokes with artemus ward, 1872 (with others)

- Curious dreams, and other sketches, 1872

- Roughing it, 1872 - koiranelämää

- The innocents at home, 1872



***



(7)-Rudyard Kiplig – Contista, novelista e poeta inglês. Foi o primeiro britânico a receber o Prêmio Nobel de Literatura (1907) Sua vasta obra é plena de criatividade. Leia também:

- Schoolboy lyrics, 1881

- Echoes, 1884 (with a. Kipling)

- Quartette, 1885 (with a., a. And j. Kipling)

- Departmental ditties, 1886

- Plain tales from the hills, 1888 (including the man who would be a king - film 1974, dir. By john huston) - intian ylängöiltä, suom. Yrjö kivimies

- Soldiers three, 1888 - film 1951, dir. By tony garnett

- In black and white, 1888

- The story of the gadsbys, 1888

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