- Então o problema é que eu não falo coisa com coisa? É isso?
- É. Mas aí já entra uma outra coisa.
- Eu sei, você vai dizer que aí já entra a coisa do problema.
- Bem, só pra começar, uma outra coisa já é outra coisa ainda. Aí é que está a coisa.
- É, só que... Bem, antes que eu me esqueça, você diz que aí entra a coisa do problema. Mas, cá pra mim, não sei não, tem também o problema da coisa. Uma coisa é uma outra coisa. Outra coisa é outra coisa ainda.
- Bem, agora é você que não está dizendo coisa com coisa. É o que eu sempre falo.
- Como sempre falo? Você fala, fala, e nunca diz nada. É falo pra cá, falo pra lá, mas...
- Acontece que nessa coisa de falo pra cá, falo pra lá... Aí, sim, eu diria que entra uma outra coisa.
- Mas, entre uma coisa e outra, você me desculpe, pois agora sou eu que falo. E falo da coisa do problema, porque do problema da coisa não sou eu que falo.
- Quer saber? Chega desse falo, não falo. Não falo, e pronto. Mas, se alguém pisar no meu calo, aí é que eu não me calo. Pronto, aí eu falo. E fá-lo-ei sempre que me doer o calo. Mais alguma coisa para dizer? Então fá-lo.
- Fá-lo? Como assim?
- Como assim como assim? Mas que coisa!
- Mas que coisa coisa nenhuma. Quer dizer... Todo o problema é que eu é que não falo coisa com coisa? |