PARÁBOLA MODERNA
enviado por marcio mmenezes
Enfermara fazia muito tempo e transitara de guichê em guichê de
informações, munido com a competente guia para o internamento hospitalar.
Difícil, ali, a vaga de que necessitava.
Adicionando à enfermidade a fome perseguidora, desmaiou à porta
da
Repartição, quase ao término do expediente.
Passado o primeiro choque de alguns transeuntes, ali ficou
semi-hebetado.
- Certamente é bebida, afirmaram alguns, ou epilepsia,
completaram outros.
- Convém que não nos metamos, acentuaram terceiros, e ele ficou
girando no mundo do vagado demorado.
A noite caiu e ele, sem forças, continuou tombado.
A precipitação de todos não tinha tempo para examiná-lo; a
velocidade dos veículos não permitia que o vissem desfalecido.
Ele permaneceu derreado.
Quando o silêncio se abatera sobre o centro comercial, um petiz
desafortunado vendo-o tombado se acercou e perguntou-lhe o que havia. Ele
balbuciou algumas palavras e o menino de rua, acostumado ao sofrimento
humano, respondeu: "Isto se resolve com uma xícara de café."
Saiu a correr e a correr retornou, trazendo nas mãos o
estimulante que lhe faltava ao corpo combalido.
Depois, ofereceu-lhe ombro gentil e ajudou-o a tomar a condução
em local próximo a fim de retornar ao lar.
A criança não lhe pediu o nome. Nem ele agradeceu ao benfeitor
anónimo.
Tudo sob o manto da noite e o olhar da Caridade.
Cuidado com a indiferença! Porque tudo esteja mal, não agraves
com o cepticismo a maldade que grassa.
Sê o Samaritano, mesmo que não tenhas "nada com isto", que ele
não seja dos teus e que a pressa te esteja impulsionando para dele fugir.
Talvez, um dia, - pois que ninguém está isento dessa ocorrência - sejas tu o
tombado, na calçada da rua, ou no leito do hospital, em qualquer lugar, sob
o manto da noite e o olhar da Caridade.
(De "Espelho d`alma", de Divaldo Pereira Franco, pelo espírito Ignotus)
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