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Contos-->FELINAS NA CHUVA -- 01/03/2019 - 02:17 (PAULO FONTENELLE DE ARAUJO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

   Márcia possui em sua perna a tatuagem da cabeça de uma loba. Márcia saiu de casa usando short  e  a chuva pegou as duas felinas no caminho, dentro do ônibus para a casa. Já chove há tantas  horas e a tatuagem, do seu azul profundo, parece encarar Márcia, viúva com 25 anos. Ela nem percebe  e começa a rezar baixinho: “Pai nosso que estai no céu...santificado seja vosso nome...”.



     Há uma clareira de possibilidades no céu. A loba poderia mirá-lo do seu azul profundo, mas a viúva sofre com todas as possibilidades: 



      “Naquela noite antes de Carlos sair eu poderia ter olhado o seu rosto. Eu deveria ter olhado para protegê-lo porque foi a voz de Carlos que saiu e voz não sabe se defender... voz quando sai parece dizer apenas, agora está tudo livre. O corpo não admirado por você, agora é meu”.



      Naquele sábado foi a mãe de Márcia que acordou Carlos para avisar da falta de pão e leite em casa e isto desanimou Carlos, ele quis sair para comprar pão na padaria e a convidou para irem juntos. Ela entrou na padaria, mas trazia algo triste. Era um sábado lindo de sol...  ainda assim ela engolia uma tristeza e reclamava do estado das coisas, do comportamento do marido. Os dois voltaram e enquanto Carlos se justificava,  ela estava no meio de outra avalanche. Foi assim o dia inteiro, mesmo durante a faxina em casa que precisava ser feita, mesmo ali  não foi possível evitar o ponto da dobra:"A dobra é o momento no qual tudo desanda e nenhum gesto pode mais evitar o incidente fatal do fim da noite". Ela ouve do quarto o marido dizer: 



      - Márcia, volto quando você parar de rosnar!



      Carlos antes ajudara na faxina de casa, até decidiu ampliar a limpeza passando nos cantos da pia uma antiga escova de dentes com detergente.



      -  Não se usa escova de dentes, Carlos!



      -  Me avisa quando eu acertar alguma coisa?



      Márcia se lembra desta resposta e arregala os olhos ao ver um gato sendo levado pela  enchente na rua. “A noite ele saiu decidido a voltar morto... a  culpa é toda minha. Um dia inteiro de discussões” 



      Márcia vê ainda a passagem do corpo de um cão  e pensa: “Os dois bichos são tão felinos quanto Carlos e eu”. 



      Naquele domingo quem ligou avisando do latrocínio foi a sogra de Márcia. A polícia alegou que a morte de Carlos aconteceu porque tentaram roubar o seu celular.



      - Por isso dava apenas caixa-postal - reclama Márcia.



 



DO LIVRO:"CHUVAS NO JARDIM-BOTÂNICO"



 



 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 

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