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Contos-->Parte 2- Ganha 1 milhão e se suicida. -- 12/09/2018 - 14:18 (Cida Piussi) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

            ...Os presuntinhos eram enterrados. Mais tarde alguém desenterrava, retirava os órgãos que eram vendidos. A carcaça serviria para depósito de drogas. Um casal, com a documentação do recém-nascido,falsificada,contava com uma estrutura que envolvia desde hospital, órgãos públicos,alfândega e qualquer coisa que fosse necessária para o desembargo do produto. Tudo simples, limpo, perfeito.                             A venda casada dos órgãos dos pequenos estremeceu as bases de Ciço. Não podia se conter. Uma raiva há muito tomando conta de seu corpo, mente, alma. Antes do término da operação, vários presos, três bandidos mortos, quatro colegas feridos...

            Acordou. Não lembrava ou não queria lembrar... Tadeu, amigão de mesa, segundo sargento, como ele e outros. Estranhou o comandante não estar. Quis estender um braço não conseguiu. A pouca luz não permitia ver as máscaras indefinidas em que seus amigos haviam se transformado. Estende o esquerdo...Também não consegue. Um toco se mexe em meio de bandagens. Está atado, preso à cama. Nos mais loucos delírios descrevera as jogatinas no quartel, a proteção e o olhar atento do comandante, as táticas  que estudaram juntos e por incrível que parecesse agumas vezes, no último momento, abortadas, o estranho jogador,o estranho no boteco, e...                                                                                                                                                                                                                                                                                              Em represália aos presuntinhos, o grupo resolveu vingar-se de Ciço. Tudo preparado, o exército pronto para terminar a missão. Chegaram ao local e uma guerra santa estava direcionada aos braços e mãos.  Descarregadas as armas, no chão destroços, ossos, gemidos, silêncio. O comandante administrava o que podia, mas certas situações fugiam do controle. Então ou o grupo abortava ou o exército. Com o desfecho a favor do exército, o estranho descarregou a própria arma no comandante e depois, na prisão, confirmou  toda a história delirante de Ciço.

           Seis meses no hospital. Meio-homem-cérebro. Voltar para casa. Perdera tudo. O quartel, o jogo, as cartas. Quando chega ao portão,medalha no peito, volta-se e um coro Ciço das Apostas, apostas, apostas, apostas...

      

           - Posso não jogar,mas posso apostar. E agora não é mais proibido!

           Embarcou no primeiro ônibus, cruzou a fronteira e entrou no melhor cassino. Deslumbra-se entre tapetes de veludo, luzes enfumaçadas pela fmaça  de charutos e cigarros, embriagando-se com o perfume de mulheres lindas, meu deus, nunca havia pensado que houvesse mulheres assim. Beijar, tocar, passar a mão por entre aqueles decotes, aquelas coxas, afundar-se e se perder...ter uma família, acordar com uma mulher assim...o mundo não tinha tirado tudo dele. Ele não ganhava sempre?   Aquelas lá do sertão não eram mulheres, eram um par de pernas secas, amareladas, fediam a sabão e, no exército, as que pegavam eram as de algum bar, garotas que por algumas horas lhes davam um alívio em troca de bebida e trocados.

           Aproximou-se de uma, mas a repulsa quando ela olhou seu meio corpo...

         - Façam suas apostas...

         - Que jogo é este?

         - Está atrapalhando...

         - Ao jogo, senhores! El juego, señores!

         - Quero jogar este dinheiro!

         - Precisa de fichas para a roleta.

         -  ...

         - 35 fichas, no preto 18.

         - Ganhou

         - 35...

         - Ganhou!

         - 35...

         - De novo?

 

         - Oi, benzinho! Parabéns, homem de sorte. Já nos vimos...

        - Não lembro!

        - Aposte tudo...

        - ...

        - 35 no preto 18. Posso saber por quê?

        - Sempre ganhei. Fui pro exército com 18, jogava cartas. Por isso, meus amigos, morreram. 35 anos e aleijado. Ciço das Apostas.

        - Não entendi!

        - Gire a roleta!

 

        - Ciço?! Meu Deus! Nem lhe reconheci.

        - Nada, não. Vim ver a minha menina, ver não. Buscar!

        - Quero que guarde isto. Obrigado por tudo.

 

        - Onde vai? Ciço! Ciç...

 

       - Picou a bolinha de gude e engoliu os cacos...meu Santo Padim Ciço!

       - Um milhão... que será que diz a carta?

 

CIDA PIUSSI- 0/ 2003 ( Baseado no conto de TCHEKOV- " Um homem vai ao cassino joga na roleta e ganha um milhão, volta para casa e se suicida..."

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