Oi Dirceu (da Marília) - Ontem andei lendo aqueles poemões que vc escreveu pra Marília bela, sua estrela, coisa e tal.
Está na hora de mudar, caro Dirceu. Que negócio é este de ter mulher pra virar as páginas do seu livro enquanto vc é o único que sabe ler? E isto de ficar prometendo mundos e fundos ... quando no final das contas, vc deu as costas e tudo virou um mundo sem fundos? Tá na hora de mudar as coisas, caro Dirceu.
A Marília cresceu, sabia? Agora ela dirige sua própria fazenda de gado e não tem um casal , mas uma enorme fazenda. Tem também uma boa parte de terras em Minas, mas naquelas ela não mexe. "Por razões pessoais" - declarou ela à imprensa. Já os MST estão de olho nela, e com razão - há mais de século que ninguém pisa por lá, as terras são produtivas (veja-se a selva que viraram), e viraram "patrimônio da família" - enquanto há tantas famílias querendo trabalhar, plantar, semear, colher, usufruir. É pra reconhecer que a família da sua bela Marília é bem grandinha - enfim, ela teve uns onze filhos depois que vc a abandonou(um pouco constrangido e meio aliviado, a bem da verdade)... mas as famílias dos MST são bem maiores. Em tempo, ela vai reconhecer isto. Marília sempre foi moça inteligente. Um pouco lerda pros dias de hoje, mas chega lá.
Dirceu, ô Dirceu - desce do pedestal, amigo. Homem que é homem sente como mulher, trabalha como mulher, projeta um futuro com mulher. A Marília continua pastora, mas de outra lavra.
E você, indo pra Moçambique, acabou casando com uma teresa, herdeira de mil fazendas - em todos os sentidos da nossa palavra fazenda . Vais comer comidinha bem condimentada, com certeza. Casar com teresa é isto. Ela sabe preparar as coisas - ou mandar preparar.
Estou misturando as coisas (efeito margarita), mas estive pensando nos seus poemões tipo sambões e resolvi escrever este... cartão.
Te mando um abração -
Érica Eye |
