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Artigos-->A CRUELDADE DAS TOURADAS -- 17/03/2003 - 10:04 (Joel Ribeiro do Prado) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A CRUELDADE DAS TOURADAS



Observando as touradas pela televisão, busquei uma explicação para a crueldade humana.



Descobri que a crueldade é epidêmica; as multidões rapidamente se contaminam e, como todos estão doentes, ninguém se acha doente. A galera, anestesiada pela convicção de cada um de que ninguém ali é mau, olha para a arena ainda vazia e espera pelo espetáculo de trucidamento.



O touro, naquele contexto, o único ser de verdadeira inocência e certamente o único, mesmo, a não afrontar a severa vontade de Deus, irrompe na arena. E ninguém torce por ele.



O toureiro e os bandarilheiros se apresentam para o massacre. Aquele, de duvidosa elegância em seus borzeguins e roupa justa, recebe da galera frenéticos aplausos.



Os bandarilheiros inauguram o suplício. A cada bandarilha cravada no pescoço do animal, mais sangue jorra. É a vida que se escoa sem proveito e sob tortura.



Na defesa instintiva de si próprio, o touro investe contra a capa que o toureiro, herói e deus daquele altar pagão, lhe agita. Uma, duas, três e mais vezes, até que, exangue, já nem tem como andar na direção dela.



Em delírio, a galera aguarda pelo ato final. Por aquela estocada derradeira que o seu deus e herói dará e que, lá na consciência coletiva da galera, dos bandarilheiros e do toureiro, confundir-se-á com um gesto de misericórdia. E isto bastará para que todos se sintam em paz.



Na vida, como nas touradas, há os que se sentem redimidos dos seus erros quando se desconectam da realidade. Pertencer a uma multidão de qualquer propósito é sempre um risco de acumular erros sem resgate e culpas sem perdão.



Não se iluda com as grandes platéias, com a presença maciça de público num lugar determinado. A razão se deforma pela vibração das turbas.



Se houvesse apenas um espectador na praça de touros, esse por certo investiria contra o toureiro e seus auxiliares.



O aprimoramento, a verdade e Deus a gente só encontra na solidão do nosso Eu profundo. É ali que estão os fundamentos da nossa humanidade e as sementes da alegria saudável; aquela que a gente só vem a sentir quando executa concretamente as tarefas positivas que existem na Terra, a começar pelas que nos esperam na nossa casa.

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