Por Rodrigo Contrera
Em 20 de junho de 1995, morria o escritor "de origem bogomila" Emil Michel Cioran.
Em abril de 2003, visitei seu túmulo em Montparnasse, Paris. Logo depois, andei até os Jardins de Luxemburgo, onde ele apreciava passar o tempo. Embora não tão maravilhosos como de se esperar, os Jardins permitem calar.
Na noite anterior ao meu retorno, fui de táxi até a rua Odeon, onde Cioran morou. Voltei a pé, correndo.
Não visitei os túmulos de Baudelaire, Beckett, Sartre, também em Montparnasse. Hoje, não sei se me arrependo.
Não sou "juventude descentrada". Não penso em suicídio. Não aprecio Cioran mais do que seu próprio pretenso valor.
Por alguma razão, porém, embora muitos a isso se dispusessem, foi ele quem conseguiu me remexer e tirar do sono. Por isso, é a ele que agradeço.
Para quem não sabe, existe uma Bolsa Cioran, cujos fundos são da viúva do bogomilo, para autores de ensaios em francês que prometem qualidade.
₢ Rodrigo Contrera, 2004. |