PÉTALAS SOLTAS
J.B.avier
Como uma pétala
gentilmente desfolhada,
o vento me levou...
E pousei nas águas revoltas
desse rio caudaloso,
a vida...
E nos loucos rodopios alucinantes,
eternidades são instantes,
átimos são infinitos...
Mas o grito de vida permanece...
E como pétala perfumada,
desgarrada,
sigo as correntezas
entre mil incertezas...
Às margens, gritos de alerta que já não ouço...
Por todo lado, portas abertas
levam a mil caminhos..
Difíceis escolhas...
E cada passagem me leva a novos umbrais,
numa infinita sequência de evolução...
E, invisível, uma mão
me conduz à luz...
E, sob a claridade intensa em que me apego,
por ver demais, me torno cego...
Ah! Como eu queria saber ler as mensagens
em palavras ainda não ditas,
benditas, por serem apenas intenção.;
ler os olhares sem luz,
glorificados, porque neles reluz
a centelha da sabedoria...
Essas mensagens, para mim perdidas,
tão claras e tão escondidas
são, em essência, a própria vida,
o Graal que procurei, assim,
pela existência afora,
E que esteve sempre diante de mim...
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