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Contos-->Vaqueiros de Campo Grande -- 19/02/2018 - 22:58 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
 
O velho Jeremias tentou passar uma borracha na memória, lidava com números e contava dinheiro dos outros no banco. Vendia as horas... Nos finais de semana, reunia os amigos em torno da churrasqueira e assava lagarto na brasa. Fizera amizade com Adilson e com o mineiro José Lino que não era mineiro, mas sabia jogar truco. 

— Mas, encontrar jogador de  truco no Rio de Janeiro é como encontrar pamonha no hipermercado Freeway.
— Pai, essa bandeira não existe mais. Nem supermercado vende pamonha.
— Por isso digo que jogar truco no Rio é tão raro quanto encontrar pamonha em grandes supermercados. Truco é coisa de mineiro! É bom jogar  truco mas, as mulheres não gostam que seus maridos se divirtam. Que  deem boas gargalhadas: ‘ Truuuuco, rato!’ Toma seis, ladrão de meus tentos!’ 
— Dois  mineiros nos visitaram depois da pesquisa de campo que fizemos em Montes Claros e Juramento — disse Ravenala.
— É verdade...
— Dilson joga uma partida, logo se levanta xingando a dupla adversária: ‘Vocês criam regras conforme a conveniência da jogada... e José Lino truca falso demais!...
— O jogo de  truque consiste nisso mesmo: fingir que tem carta forte sem ter. Às vezes tem mesmo... e engana o outro como Turíbio Soberbo com sua criação  peixe-leiteiro.
— Imagino como seria Turíbio jogando truco contra Pururuca!
A ideia de Turíbio de  criar peixe-leiteiro botou a perder também  Pururuca que apresentou seu projeto de avião poedeiro.
 Esses vaqueiros de Campo Grande...
— Como vais fazer para adquirir um avião, abestalhado?
— Se Zepelim passar voando, atiro  uma  pedra com  meu estilingue. Se o avião cair com vida, faço um ninho. E quando ele botar ovo, vendo ninhadas de aviõezinhos e ganho muito dinheiro!
João meneou a cabeça. ‘ Pururuca tem pouco sal na moleira. Este projeto tem menos consistência do que aquele de criar peixe-leiteiro. Sei não, muito estranho o comportamento desses vaqueiros... ’
 Amarildo conversava macio, feito mulherzinha, na presença de Turíbio. Foi quando Corisco e Lampião partiram para cima de João Velho. A intenção do boi Corisco era dar suporte à fuga de Lampião. E o plano era matar o vaqueiro que oferecesse maior resistência. Pegar João Venho, nalgum momento de distração era difícil. E falhou. A  estratégia falhou. Não contavam com a intervenção do vaqueiro novo, que em se aproximando pelo lado que o boi enxergava pouco, deu um chega pra lá com o peito do cavalo.  Lampião caiu dos quartos e foi pisado por cascos, que vinham na sua retaguarda, transportando toneladas de carne. Corisco fugiu. Ficou devendo mais um favor a Lampião. Também José Lino devia favor a João Velho. Estivera em confronto com ciganos. E na hora agá,  João surgiu, de repente, com arma na mão para defender o filho. Pôs abaixo a tenda, e com ela,  todo o moral cigano. Sem a veste da tenda, o cigano Aguilar, viu-se nu, surpreso e  extasiado com uma arma apontada para sua  cabeça. Não reagiu. Ficou em pé, feito estátua de bandeirante com a mão no cabo da espada. Com efeito do levante,  vaqueiro Xandão perseguiu Corisco e ninguém ouviu o disparo de Pururuca. Nem ele mesmo sabia que  acertara o boi, pois Lampião já estava caído. Machucado. Pisoteado...
Faz tempo... 
Corina refrescava sua memória: ‘Campo Grande gerou em minha alma toda boa lembrança que tenho de mim: a sede da fazenda,  bois pastando na manga fronteira ao curral, folias de reis, e  as cantorias no final da tarde...’ 
***

Adalberto Lima, trecho de "Estrela que o vento soprouo."
Adalberto Lima
Enviado por Adalberto Lima em 19/02/2018
Reeditado em 19/02/2018
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