Luzinha no bico, nasceu vaga-lume às avessas,
logo se viu (todos viram), diferente dos irmãos.
Acuadinho no ninho, não entendeu, passarinho,
porquê não ter bico lisinho, perfeito seria então...
Isolado e assustado, seus afagos renegados,
nem mesmo a mãe aceitava, a luz que brilhava em vão.
Sozinho ensaiou seu vôo, a fuga varando o espaço,
caiu nas folhas molhadas, e a noite se derramou.
Mas veio a fome, e sem casa, comida sempre estocada,
de tanto chorar baixinho, uma hora se cansou.
Saiu, embora fraquinho, à procura de alimento,
e o bico pelos cantinhos, aceso, facilitou.
O seu coração rejeitado, antes do desastre alado,
percebeu como era fácil, tirar vantagem da luz.
Gordinho e fortalecido, voltou ao ninho exultante,
e agora com belo canto, o seu destino seduz.
Retornou tão confiante, e dono de si, enfim,
que todos que ali estavam, puderam lhe ver assim.
Hoje é o consultor do bando, a ave mais varonil,
conseguiu tirar proveito da diferença, e ainda assim...
se os outros não o quisessem, vôo alto que ostentou,
pairaria noutras bandas, brilho intenso que alcançou...
. |