A Ilusão do Carnaval
Maria do socorro c. xavier
O deslumbramento, o luxo, as cores das fantasias, os colossais carros alegóricos dos desfiles, das Escolas de Samba, durante o carnaval carioca lembra os reinados. O narcisismo também da classe média. Brincar de rei e de rainha. É um espetáculo também lúdico.
Por quatro dias esquecem as agruras da existência, o ano inteiro se sacrificam para gastar com as indumentárias luxuosas.É como um anestesiar de problemas de cada um. – uma fuga num reino encantado da fantasia. Afinal de contas, cada um tem o direito de sonhar, mesmo que este sonho seja fugaz e até vire pesadelo. “Pra tudo se acabar na quarta-feira”, como diz a letra de samba.
Não resta dúvida as temáticas variadas bem selecionadas, atraentes; umas lendárias outras realistas, - As Escolas de Samba, os sambas-enredo são instrutivos, mostram flashes deslumbrantes da cultura brasileira, suas várias manifestações. E até denunciam os flagelos sociais.
Há dois lados da moeda e até mais:
- os gastos excessivos e até supérfluos para se consumir em quatro dias, cuja renda poderia ser investida em necessidades prementes – quais sejam programas sociais;
- Há uma movimentação de comércio formal e informal e do turismo, o que gera dividendos a receita das cidades, onde o carnaval é mais concorrido e se tornou tradicional: Rio, Salvador, Olinda e ultimamente São Paulo. Dá ocupação e meio de vida temporário a muitas pessoas;
- Desenvolve a criatividade, a imaginação dos artistas, costureiros, decoradores, publicitários e tantos outros profissionais, - dando-lhes oportunidade de se projetarem, de crescerem profissionalmente. Há carnavalescos famosos, dá status.
- a promiscuidade sexual que rola a partir da liberação moral, com uso excessivo de álcool e drogas, etc
O povão prefere correr riscos, se endividando, contraindo doenças, mas cair na folia. Quer ter alegria, extravasar, liberar emoções, traumas a até esquecer o medo da violência. Há pessoas introspectivas que se soltam no carnaval. É uma alegria exterior, não resta dúvida. Geralmente se procura a felicidade na vida exterior, na alegria superficial, quando é mais lídimo encontrá-la dentro de nós mesmos. A harmonia interior. Os carnavais da vida passam. Foi bom enquanto durou.
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