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Contos-->AMOR EM POESIA -- 26/05/2001 - 04:48 (J. B. Xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
AMOR EM POESIA
Por J.B.Xavier

Às folhas tantas de um livro de poemas, um verso, um dia, apaixonou-se doidamente por uma estrofe. Foi amor instantâneo! Perdidamente apaixonado, examinou-lhe as rimas perfeitas, a métrica sincronizada, as palavras rebuscadas,o conteúdo consistente. Entendeu que, para sempre, estaria ligado a ela, e resolveu fazer parte dessa beleza extrema.
-Bom dia, disse ele um dia, timidamente, nervoso e arrebatado. como você se chama?
A estrofe observou o verso da primeira à última letra. Admirou-se com sua consistência, percebeu sua inocência e o quão nervoso estava. Era uma figura interessante, pensou.
- Eu sou Soma de Sentimentos Arrebatados, respondeu finalmente, mas pode me chamar de Poesia.
Desse encontro nasceram anos de felicidade plena, de comunhão de sentimentos, e o verso fez de sua vida, uma ida aos confins da imaginação, enfeitando a estrofe, dando-lhe vida. Ela, por seu tempo, lhe dava segurança, fornecia-lhe sentido, inseria-o num universo que nunca conhecera. Dessa união nasceram dois poemas muito bonitinhos, e uma quadrinha que era a alegria de todos.
Até que um dia, em que tudo vira monotonia, surgiu o Soneto, trazendo consigo a autoridade e as glórias de um passado distante, a beleza gélida de sua métrica perfeita e os arranjos únicos de sua construção.
A estrofe, impressionada com a pose do Soneto, sentiu o calor da paixão invadir-lhe o interior, e, em nome do amor, desejou ardentemente fazer parte daquele mundo diferente, altivo, ainda que decadente. Ela e o Verso já não formavam mais o casal perfeito, eram agora uma confusão de sentimentos mal explicados, de lembranças tristes e alegrias ressentidas, de um passado feliz.
Disso resultou que o Verso, triste e sem vida, sem uma estrofe para pertencer, sozinho e carente de sentido, desapareceu na imaginação de algum poeta descuidado, e a estrofe seguiu feliz em sua felicidade fugaz, tentando dar brilho ao Soneto, já um pouco fora de moda. E tudo que era sujeira virou moralidade, como aliás, em qualquer sociedade.

Conto desenvolvido sobre uma idéia de Millôr Fernandes "Poesia Matemática"

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