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Poesias-->Solta no mundo: uma canção sem dono -- 10/06/2001 - 12:39 (José Pedro Antunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Guimarães Rosa falava em "canções peregrinas", dessas que atravessam o tempo e os lugares, sem que ninguém mais saiba localizar quem atenda pela sua autoria. O que tento reproduzir abaixo é certamente uma dessas canções. Fico sendo culpado pela correção gramatical, talvez exagerada, das duas primeiras estrofes, como culpado fico pelas incorreções da última. A verdade é que elas me ocorrem assim. Foi assim que as ouvi da boca de um colega, o João Roberto Inácio Ribeiro, de Maracaí. O Inacinho dizia tê-la ouvido, a infância inteira, da boca de sua mãe, enquanto ela ia cuidando dos afazeres domésticos.

Publicá-la, agora, é fazer com ela prossiga em sua peregrinação incerta. Alguém mais terá conhecimento desses versos surpreendentemente inventivos, com a vertigem dessa sucessão de imagens que beiram o nonsense quase absoluto? Alguém mais saberá da sonoridade que eles propiciam, do casamento perfeito das palavras com as notas musicais?

Não havendo outra possibilidade, que o leitor se ajeite, como puder, para transformar isso em cantoria. Aos compositores, uma ocasião e tanto para selar parceria. Mas com quem? Quem terá sido esse letrista inspirado? Um só? Quantos?

Uma canção peregrina, à mercê do seu destino.

Destino bom seria que um leitor de repente, em dela se lembrando, fizesse chegar até este divulgador a notícia de que sim, ela existiu, existe. Vale qualquer vestígio, o nome do possível autor, eventual registro fonográfico, o que houver.

Fato é que muitas vezes já a interpretei em minhas andanças de cantador por vários países da Europa. Dentro do meu repertório, sempre foi uma canção certeira. Sempre despertou nos ouvintes energias como que adormecidas, que a sua passagem como que reanima, faz reviver e explodir prenhe de significados insuspeitados. Pura poesia popular. Sem filtro e sem mistificações. Prazeres.



_________________________________





Maria Júlia

embarcou pra Siriema,

coitadinha da morena

quase morreu de chorar.

Ai, eu pedi

que desse um voto pra ela,

morena cor de canela,

peço um beijo,

ela me dá.



É lua clara,

quarteirão para minguante,

Nossa Senhora do Monte,

São Pedro, Menino Deus,

Cristo nasceu

foi por obra do Divino,

sacristão bateu no sino

e a luz do sol

apareceu.



São sete ano,

sete noite, sete dia,

sete ala de quadria,

sete padre no altar,

sete baiano,

sete pandeiro rufano,

sete moça namorano

numa noite

de luar.





[ao final de cada estrofe, repetem-se os 5 últimos versos, soando como se fosse um refrão]
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