Pior do que a censura é a autocensura. O medo de cair na rede... O temor da sombra, invisível e ameaçadora. Ela ronda, como corvo, a consciência de quem vive da nobre tarefa de escrever.
Mas essa não é a única forma de cerceamento do livre pensar. Jornalista não gosta, quando o patrão faz reuniões ou telefona para falar de restrições. É mau agouro! São nuvens negras sobre a cabeça.
Vivo de escrever, por escrever e para escrever. Sou conservador - e repilo anarquia. Mas o oposto da anarquia não é enquadramento.
Cada um tem suas razões. E HÁ RAZÕES QUE NÃO CORRESPONDEM À VERDADE NECESSARIAMENTE. Isso é muito perigoso. A ameaça paira sobre cabeças.
Problemas ténicos e normas da Casa são uma coisa. Iniciativas para censurar vozes são outra. E inaceitável. Do primeiro aspecto compactuo, mas, do segundo, não. De jeito nenhum.
Minha consciência não tem preço. Bom que nunca recebi proposta incedente.
(TEXTO PRÓPRIO, ADAPTADO. Publicação original na Usina em 04.04.2003.)