Para nossos filhos
Metade de minha vontade quer ser fiel aos desejos atiçados pelos olhos. Os sentidos ficam fagulhando e pedindo que o corpo ceda e faça a festa dos sentimentos. Enfrento o fácil e o inútil ao penetrar no silêncio solitário de um banco de igreja ou ao ouvir uma conversa pacificadora de alguém que já possua o domínio da vontade dos desvios. Saber escolher não nos é mais fácil do que ouvir certos discursos instrutores do bem. De cabeça para baixo ninguém lê confortavelmente. Tudo procura seus jeitos.
Nossos jovens estão se transformando em internautas e mascadores de chicletes. Essa geração shopping center merece nossa atenção. Seus pais soltaram-lhe as mãos e eles, o que é pior, construíram os próprios passos nos desvios da criação.
O doce trago do cigarro é um caminho curto para a maconha, essa aparentemente tola, mas ótima condutora para as veredas do mal. A cocaína segue esta como um bom cão farejador que sempre acha a caça. O palavreado e as atenções entre os adeptos delas, são de incentivos ao do resto dos vícios, cada um pior que o outro. Entre eles, elas são divertidos passatempos que enchem suas vidas de incertezas e conflitos.
Um jovem viciado hoje pode ser um adulto destruído amanhã. Quando meus filhos discutiam entre eles, os dois, eu os punha frente a frente, de pé, com seus narizes coladinhos e só lhes permitia o discurso dos sorrisos. Foi um santo remédio para desvia-los do sentimento do ódio. Ensinei-lhes acerca do perigo das drogas, inclusive do álcool e eles nunca fumaram nem beberam. Orgulho-me disso e agradeço a Deus todos os dias. Meus filhos não possuem os defeitos dos grandes desvios do mal. Enquanto humanos apenas tropeçam nas coisas veniais do dia-a-dia.
Quer dizer que há pequenos atos que nós, pais, podemos fazer para auxiliar nossos filhos e seus passos que não devem ser absolutamente seus, porque temos experiências dentro de nós que, emprestadas a eles, auxiliarão demais.
À mesa, o ajuntamento dos familiares ao redor das refeições nesses momentos, nossos olhos de pais, devem indagar deles, mesmo sem usarmos as palavras acerca de seus incómodos, suas dúvidas, seus tropeços. O abraço apertado e nossas declarações de amor por eles são um belo projeto de ajuda que pode causar efeitos maravilhosos.
Meus pais me ensinaram o respeito absoluto aos velhos, a atenção pelas mulheres grávidas, o silêncio nos templos sagrados, a higiene pessoal, a dedicação aos estudos, a pontualidade, a caridade, o amor ao próximo. Eu passei gratuitamente isso aos meus filhos. Surtiu bons efeitos. Eles são obedientes, humanos, responsáveis, amigos. Espero que façam o mesmo com seus descendentes e assim meus pais sintam, onde estiverem, gratos pela herança de condutas que, herdadas por mim, doei por amor aos meus descendentes.
Se tivermos pelos velhos o respeito que nossos índios possuem, seremos mais justos para com eles. Se a religião nos for um meio de aperfeiçoamento, chegaremos a bons tronos. Se o homem reconhecer, no seu semelhante, ele próprio, enquanto cidadão respeitável, as cadeias públicas não farão mais qualquer sentido. Se esquecermos tudo isso e apenas lembrarmos que devemos amar o mundo e o homem, todos seremos belas testemunhas de um bonito espetáculo de salvação da humanidade.
Aos leitores, esses doces expectadores do que escrevo, Ã queles outros que são críticos ferrenhos, aos que estão me lendo pela primeira vez hoje, meu abraço afetuoso, meu agradecimento verdadeiro pela paciência de vasculhar o proveitoso
no que escrevo. Quando nos encontrarmos cara a cara, trocaremos palavras de carinho e de respeito mútuos. Vocês são meio filhos e meio pais, porque é de vocês e para vocês que me chegam as "cousas que escrevo". Que Deus nos livre da droga do esquecimento e nos lembre de lembrar a nossos filhos, a força de uma bênção, o amor que há em um abraço e a alegria verdadeira de não possuirmos os vícios daninhos.
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