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Artigos-->O MUNDO EM MUDANÇA -- 26/02/2003 - 05:26 (J. B. Xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O MUNDO EM MUDANÇA

J.B.Xavier







Sempre considerei ingênua, e até certo ponto estúpida, a visão reducionista do 3º mundo, que insiste em vestir os Estados Unidos com um enorme chapéu pontudo, de burro, ao mesmo tempo em que seus pensadores terceiro-mundistas se arvoram em senhores da verdade e emitem opiniões estereotipadas a respeito do colossal império do Tio Sam.



Nas encruzilhadas da história, por ocasião do nascimento ou morte de impérios, gigantescos mecanismos são postos em funcionamento. Esses mecanismos, geralmente globais, possuem uma dimensão e marcha tais, que podem ser vislumbrados apenas pelos poucos que se dispõem a abandonar ideologias, ressentimentos, e emoções várias, e que têm o poder e a vontade de afastar-se suficientemente do cenário, até uma distância em que possam observá-lo como um todo, e a todas as suas partes em interação. Somente assim, a uma distância que nos assegure um ângulo de visão suficientemente amplo, é possível observar o desenrolar das volutas da raça humana interagindo, e dos complexos processos que utiliza para essa interação - consciente e inconscientemente.



Sempre que ouvirmos opiniões restritas às mazelas que este ou aquele império causa a este ou aquele país, seu súdito, estaremos diante de visões e análises fragmentadas, muitas vezes equivocadas e quase sempre encharcadas pelos nacionalismos exacerbados, que, ainda que louváveis do ponto de vista do patriotismo, são meros estertores que nada acrescentam à compreensão do processo histórico como um todo.



No cenário universal, o fluir dos séculos viu o alvorecer e o ocaso de muitos impérios, cada qual construído de maneiras diferentes, e com motivações também diferentes. Cada um deles deixou sua marca indelével no mundo, e, direta ou indiretamente, somos os herdeiros dessas motivações. Cada um deles deixou sua marca no cenário universal, e de cada um deles, a História extraiu lições que redirecionaram o mundo em direção ao progresso material e intelectual. Foi assim com império dos Césares, de Gengis Khan, de Alexandre da Macedônia, da dinastia Ming, dos Maias, dos Astecas, dos fenícios, e, modernamente, dos austríacos, dos ingleses e dos americanos.



Algumas invenções extraordinárias levaram ao surgimento de alguns desses impérios, como a agricultura, por exemplo; outras foram criadas por eles, como alguns conceitos intangíveis, no terreno do pensamento e da tecnologia. Modernamente, Descartes e Einstein são os melhores exemplos do segundo caso. O primeiro, com sua visão bipartida do Ser, e o segundo, com a criação do controle da energia nuclear. Mas, milhares de anos antes deles, os gregos já haviam estabelecido as bases do pensamento ocidental, e os chineses, as do pensamento oriental.



Essas duas vertentes do pensamento humano eram de tal forma diferentes entre si - e ainda o são - que permaneceram separadas geograficamente por milhares de anos, vindo a serem apresentadas uma à outra somente com o advento das viagens de Marco Polo, e ainda assim, de maneira incipiente.



Para alguém atento, que esteja observando o cenário como um todo, ficam claros os padrões de movimentos das sociedades humanas, e sua aceleração através dos séculos. Pensamentos e filosofias tornaram-se cada vez mais voláteis, atendendo cada vez menos às necessidades humanas de estabilidade. Grandes linhas temporais do pensamento humano, há milênios estabelecidas, como a noção de Tempo, por exemplo, foram aos poucos - e depois cada vez mais rapidamente - se modificando, ao ponto de já não servirem mais como referência dessa estabilidade.

(Sobre a busca da estabilidade, ver artigo de nossa autoria "Em Busca da Permanência" )

http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=1960&cat=Artigos



E assim, chegamos ao século XX - um divisor de águas na história da presença humana no planeta. Neste século, finalmente, o homem conseguiu a arma definitiva, com a qual sonharam os primeiros guerreiros que usaram espadas e arco e flecha. Pela primeira vez na história, a aniquilação humana em larga escala - e mesmo global - era uma realidade. Este fator de poder, redirecionou e acelerou a marcha dos mecanismos humanos interativos. Então, novos discursos tiveram que ser criados e novas filosofias precisaram ser formuladas.



Mas outro fator, até então desconhecido do homem, veio somar-se à este poder aniquilador das armas atômicas: a superpopulação do planeta.

(Sobre super população, ver artigo de nossa autoria "O 3º Milênio: O que nos espera) http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=2292&cat=Artigos



Tal como os primeiros usuários das armas de fogo, alguns países que conseguiram desenvolver essas armas assumiram a hegemonia no tabuleiro do xadrez humano. Essa hegemonia não se atém apenas aos aspectos militares, mas também aos culturais, e muitas engrenagens novas, até então desconhecidas, vindo somar-se ao mecanismo da interação humana, tornando-o ainda mais complexo. Pode-se visualizar essas novas engrenagens nos novos artifícios de que lançam mão as nações com poder suficiente para impô-los aos demais, sejam eles, militares ou econômicos.



Mas, outro fator, que escapa ao controle das grandes nações, veio trazer certo equilíbrio à balança do poder mundial: A democratização da informação, possibilitada pela Internet a custo praticamente zero! Esse fator atua como areia nas delicadas engrenagens do equilíbrio mundial. Faz todo o mecanismo ranger e ameaça desagregá-lo, levando-o perigosamente próximo de uma quebra iminente.



O que estamos assistindo, como felizardos contemporâneos, em câmera acelerada, é o desenrolar em décadas, de processos históricos que normalmente levavam séculos para se completar. Entretanto, a humanidade ainda busca maneiras de se adequar a essa velocidade. E, enquanto busca, o sistema acelera cada vez mais, fazendo todo o conjunto vibrar violentamente. Enquanto vibra, vão se criando atritos, mas também vão nascendo e se acomodando no cadinho da história, as novas bases das relações humanas sobre as quais viverão nossos descendentes.



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