Ela encantou-se com um lindo vestido de renda amarelo. Planejava trazer toda a iluminação que houvesse, por fora, porque, por dentro, já era iluminada.
Um vestido comum, sem ornamentos demasiados. Um forro simples que lembrava a pele que estava bem ali por baixo. Um tubinho simples e ao mesmo tempo sensual.
Quase até os joelhos, que só se mostrariam no ato de sentar e cruzar as pernas.
Nada se mostraria, que não fosse permitido.
Ela cruzaria as pernas, lentamente, deixando mostrar
aos poucos, e aos poucos chamando atenção.
Dali, onde estava sentada, viria tudo o que lhe interessava ver.
Admiraria, e seria admirada. Desejaria e seria desejada.
Tudo aquilo, ela imaginava, enquanto escolhia o vestido, e se entregava a ele.
Experimentou, pagou, e levou para casa.
No dia, se arrumou inteira, lembrou de alguns dias passados,
tirou a roupa, e guardou no armário
Sentou-se na mesa da cozinha, e enquanto todos estavam reunidos do lado de fora, tomava seu café, em companhia de uma lágrima solitária, que escorria de seus olhos.
Acabou o café, secou os olhos, juntou-se ao grupo,
com a tristeza armazenada no peito.
E seguiu em frente.
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