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Artigos-->OS NOVOS GÊNIOS DA LITERATURA - 2a. Parte -- 13/05/2001 - 16:18 (J. B. Xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
OS NOVOS GÊNIOS DA LITERATURA - 2a. Parte

Por J.B.Xavier



Esses novos “gênios” literários que tanto sucesso conseguem nos marcadores de visitas dos sites onde publicam suas “obras”, utilizam de maneira tão alienada a língua na qual escrevem, que estão pondo de cabeça para baixo o próprio idioma e, como é próprio dos gênios, provavelmente estão reinventando a língua portuguesa.

Pobre Bilac que nos disse um dia, a respeito dela:



“ Última flor do Lácio, inculta e bela,

És, a um tempo, esplendor e sepultura”

Ouro nativo, que na ganga impura,

A bruta mina entre os cascalhos vela!”



Se ele vivo fosse e estivesse presenciando essa revolução lingüística, empreendida por talentos fátuos cuja velocidade de projeção ele nem mesmo ousou supor poder vir a existir, certamente reescreveria seus versos para algo mais ou menos assim:



“ Última flor do Lácio, que te esfacelas,

És, neste tempo, nada mais que sepultura”

Ganga nativa, antiga e impura.

Bruta mina que inútil te revelas!



Estás à mercê da mentira e da vaidade,

Em mãos de artistas medíocres, covardes,

Que, sem clarins, sem trompas, sem alardes,

Retiram o teu brilho e tua mocidade!



Transforma-te nas mãos desses desvairados,

Que te transmutam em algo irreconhecível,

Fazendo de ti o poema, o verso sofrível,

Relegando-te a forma, sem os teus agrados.



No Lácio nasceste, e ganhaste mundos,

Cruzando airosa grandes oceanos,

Mantendo-se viva todos esses anos,

Nos romances ternos e versos fecundos.



Eis que agora morres, triste e vencida.

Em versos e poemas que te rasgam inteira,

Terás sido, enfim, apenas passageira

Do tempo. E morrerás, velha e esquecida.



* * *

E eu acrescentaria aos versos de Bilac:



Diante da força de mudanças tais,

Sigo cultuando minha pátria língua

Que não deixarei jamais morrer à mingua!

Passei do tempo das mudanças radicais.



Como posso eu contradizer Amado?

Como posso eu contradizer Barbosa?

Como duvidar de Guimarães Rosa?

Como desdenhar o que escreveu Callado?



Como não visitar o mundo riquíssimo

De Gonçalves dias e Plínio Salgado?

E o Brás Cubas do grande Machado,

E as criações de Érico Veríssimo?



Como ignorar ter havido entre nós

A mágica única de Monteiro Lobato,

A mágica alucinada de um Viriato,

A mágica obscena de Eça de Queiroz?



Como ignorar em nossos corações

O grande Pessoa, a quem todos amamos,

O universo portentoso de Graciliano Ramos

Ou os versos saudosos do grande Camões?



Mario Quintana, Amoroso Lima,

Augusto dos anjos, Drumond de Andrade

Que através do idioma, transpiram verdade,

Como Clarice Lispector em poesia ferina.



José Saramago, Raul Pompéia,

Vitorino Nemésio, e Pedro Nava,

Cada um desses nomes a alma lavava:

A cada leitura uma nova estréia.



Guilherme Merquior, Jorge de Lima,

Afrânio Coutinho, Ângela Lago,

Guilherme de Almeida, que como um afago

Encantava a todos com a bela rima.



Rebelo Marques, cujo nome repousa

No panteão do grandes. Cecília Meireles,

Que a mediocridade em versos repele!

E do sul do país nos vem Cruz e Sousa.



E quem resiste a deitar num divã,

E ler, sorvendo, Sílvio Romero?

Ou quem, diante de um livro sincero,

Não se deixa embalar por Dalton Trevisan?



Lamento não poder a todos citar,

Mas, se eles, usando a língua portuguesa,

Foram capazes de tanta destreza,

Fico pensando: Não há o que mudar!

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