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Contos-->A ONÇA PINTADA: A BELEZA QUE ATRAI A PRESA -- 01/09/2015 - 08:59 (LEANDRO TAVARES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ontem conheci um dos mais belos animais que já vi em minha vida: a onça pintada da Amazônia. Nunca tinha visto um animal tão lindo em minha existência. Nunca havia me sentido seduzido pela beleza de um animal. Lá estava ela, num zoológico de Manaus. Era um filhote de cerca de oito meses. Mas já era forte, já era bela. Suas cores eram vivas e vibrantes, falavam com meus olhos, a tão ponto de paralisá-los, hipnotizando-me por inteiro. Do lado de fora da grade, eu a olhava, fascinado. Não conseguia parar de admirá-la. Meus amigos me chamavam para irmos embora, e eu queria ficar ali. Os pêlos lisos da onça não queriam me deixar sair daquele lugar, e ela me dizia com seu olhar penetrante:
— Fique aqui. Me olhe. Me admire. Encante-se comigo. Sei que você nunca conheceu algo tão belo. Me deseje. Me queira. Estou aqui por você, e pra você! Você já viu um pêlo tão belo quanto o meu?
— Não, senhorita. Jamais!
— Já viu o tamanho de minhas patas?
— Não, minha linda! São tão grandes quanto minhas mãos. Só que minhas mãos não são ornadas de belos pêlos.
— Já viu cor dos meus olhos? Olhe bem no fundo deles e me diga a cor que os preenche!
— Amarelo-ouro. Me sinto um homem muito rico ao olhar para o fundo dos teus olhos!
— Já viu o tamanho da minha língua?
— Estou vendo. Nem a língua da mulher mais bela da terra é tão fascinante!
— Já tocou pêlos tão macios quanto os meus?
— Nunca. Posso tocá-los?
— Sim, meu querido rapaz! Entre aqui! Não tenho medo! Não esqueça o que te disse: estou aqui por você, e pra você! Vire à esquerda, caminhe dez metros. A porta da jaula estará à tua direita. Abra-a. Entre. Aproxime-se de mim. Quero você ao meu lado, juntinho aos meus seios, debaixo de meu coração — que tanto precisa de você para continuar batendo.
— Mas você não vai me atacar?
— Não faria isto. Você é um rapaz especial. E eu sou apenas um filhote de onça. Sou uma criança ingênua e inofensiva. E tenho muito amor pra dar. E quero que este amor seja seu. E o que o seu amor seja meu!
Encantado pela linda onçinha, iniciei meus passos rumo ao portão da jaula. Cruzei à direita. Parei. Voltei meu olhar para os olhos amarelo-ouro. Naquele momento eles brilharam, me chamando: — Venha, meu amor! E dei mais cinco passos. Toquei o portão da jaula.
De repente tomei um solavanco pelas costas. Parecia uma patada, que sobreveio com muita força sobre minhas costas. Tomei um susto. Era o Sr. Jonas, o funcionário do zoológico.
— Não faça isso meu jovem! Você é néscio?
— Não, meu senhor! Ela é apenas um lindo filhote. E é tão bela!
— Venha cá, meu rapaz. Vou lhe mostrar uma coisa. Acompanhe com o olhar o que vou lhe dizer.
— Tudo bem Sr. Jonas!
— Olhe para a onçinha que você quer tocar. Visto?
— Sim, visto!
— Agora olhe para o canto esquerdo da jaula. Visto aquela fenda naquela pedra?
— Visto!
— Agora olhe com calma para dentro dela.
Olhei para a fenda. Fixei meu olhos naquele pedacinho de escuridão. Percorri todo ele com o olhar, e tive uma surpresa: vi lá o mesmo brilho dos olhos amarelo-ouro da pequena onçinha. Só que esse brilho era cerca de três vezes maior.
— Meu caro rapaz, escute; e depois veja a cena.
O velho Jonas chamou:
— Carussa! Carussa! Russa! Russa! Russa!
Quando o velho gritou essas palavras, um animal cinco vezes maior que a onçinha saiu da fenda. Era a onça-mãe. Um animal grande e forte. Olhava pra mim lambendo os beiços. Salivava como uma vaca. Se não tivesse tomado uma patada do Sr Jonas, tomaria a patada daquele animal, e a esta hora já estaria juntinho dos seios, e embaixo do coração da jovem onçinha.
— Está vendo meu filho! Tome cuidado! A beleza que encanta a presa é a mesma que a leva para a mesa.
— Obrigado Sr Jonas! Agradeço-lhe por salvar minha vida! O senhor jamais será esquecido! Sua atitude poupou meus dias!
— De nada, meu filho! Vou lhe dizer uma coisa: há dois meses atrás ocorreu a mesma coisa aqui nessa jaula. Uma mulher entrou na jaula seduzida pela onçinha pintada. Mas não sabia que a onçona a esperava. Cheguei tarde. Quando vi, ela já estava juntinho dos seios, e do coração da jovem onçinha! Tudo isto porque se deixou iludir pelo olhar amarelo-ouro. Mas, como diz o ditado popular: — Nem tudo que reluz é ouro!






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