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Contos-->Lealdade ou sacrificar cada último momento? -- 19/08/2015 - 18:30 (LEANDRO TAVARES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Lealdade ou sacrificar cada último momento?

Renan e Jussara se conheciam desde a adolescência. Tiveram um casinho de amor quando eram bem jovens. Ele com 16 e ela com 14. Na época, ambos viviam em Belo Horizonte.
Depois de 14 anos se reencontram em Brasília. Os dois foram para lá trabalhar. Ela foi para exercer a medicina, e ele para trabalhar num órgão público. Durante o primeiro ano de Jussara em Brasília, os dois conviveram bastante, e se tornaram amigos ainda mais próximos. Naquele ano puderam se conhecer de verdade. Estudavam juntos. Almoçavam nos domingos, e ele frequentava quase sempre a casa da tia de Jussara.
Às vezes ela ia pra casa de Renan. Os dois deitavam na rede da sacada e ficavam horas conversando, e abraçados, como um casal de namorados. Mas não se beijavam, nem tampouco transavam. Era um carinho especial e diferente. O sexo ali não era uma condição para estarem juntos, tão somente o calor de ambos os corpos, a alegria de poderem estar ali juntos, e o carinho que sentiam um pelo outro.
Na verdade, sabiam que se houvesse qualquer envolvimento além daquilo, poderiam correr o risco de se envolverem e estragarem por completo aquela amizade; além de extinguirem um sentimento que era puro e verdadeiro. Ele já era um homem de 30 anos, e ela uma mulher de 28. Mas o sentimento era o de um amor adolescente, e muito belo, apesar das muralhas que os separavam.
Um ano depois Jussara arrumou um namorado em Porto Alegre. E Renan, como sempre, continuava enrolado com duas ou três mulheres, sem saber com qual delas deveria se envolver. Pouco ou quase nada se falaram naquele período. Contudo, apesar do distanciamento, o sentimento permaneceu. Em novembro desse mesmo ano, foi publicada no Diário Oficial da União a remoção de Renan para São Paulo. Assim que soube da notícia, informou a todos os seus amigos, e também a Jussara.
Queria se despedir dela, e ela também queria vê-lo pela última vez em Brasília. Ele não sabia se daquele momento em diante a vida e o destino iriam permitir que se reencontrassem novamente. Foi então que ela o convidou para tomarem vinho em seu apartamento no setor sudoeste.
Ao chegar lá começaram a conversar. Acenderam um narguilê, e começaram a falar sobre a vida e as reviravoltas do destino. O vinho e a fumaça do narguilê não fizeram tão bem a Renan. Sua pressão baixou um pouco, e ele pediu a Jussara para que deitasse em sua cama.
E ela deitou ao seu lado. Ele vagarosamente tocou a mão dela. E sentiu vontade de abraçá-la, e de beijar seu rosto. Ela relutava mas, no fundo, gostava do carinho de Renan e principalmente daquele joguinho de tentativas, algo bem típico de adolescente. E ela sabia que ele não iria desrespeitá-la. Como estava um pouco enlouquecido pelo vinho, tentou beijá-la suavemente. E ela disse:
— Re, olha só, eu to namorando, você sabe.
— Sim, respondeu ele.
— E eu acho que lealdade é muito importante numa relação.
— Eu também penso assim Ju. Mas você já parou pra pensar que esse pode ser o nosso último momento juntos? Pode ser que a gente nunca mais se encontre nessa vida. Você vai casar e ir pro sul, e eu irei pra São Paulo. Talvez arrume alguém por lá e me case. Se isso acontecer, dificilmente nos reecontraremos nessa vida novamente. Não estou sendo dramático, mas realista, entende?!
— Por que não? A gente pode se encontrar às vezes.
— Com o olhar fixo no teto, e com um sentimento que só uma despedida proporciona, ele disse: acho que não Ju. Daqui pra frente não nos veremos mais. Às vezes vivemos dualidades nessa vida, como esta que estamos vivendo agora.
— Como assim?
— Pois então Ju, lealdade ou sacrificar cada último momento? Esse pode ser o nosso último momentos juntos. A nossa última chance de nos entregarmos de verdade. Isso dá um bom livro sabia?
E se abraçaram bem forte. Ele a beijou no rosto. E ela lhe deu um selinho.
— Vou sentir sua falta Re!
Com o coração alegre e acelerado, ele disse:
— Eu também Ju!
E ela ficou com a lealdade.
E ele com o sacrifício daquele último momento...
... mas em prol da lealdade ao sentimento verdadeiro que nutria por ela.
A porta do apartamento de Jussara se fechou. E Renan se foi.
Ela permaneceu na cama questionando o sacrifício daquele último momento. E ele filosofou por dias o valor da lealdade.
E você , leitora, o que faria no lugar de Jussara?
E você, leitor, o que faria no lugar de Renan?
Lealdade ou sacrificar cada último momento?
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