Amiga, as quatro bocas do fogãonão impedem o poder do teu congelador.Elas esquentam tua cozinhae talvez digam:esqueça o sofrimento da paixão que tu carregasaté os pés do teu amado.Esqueça o leito de amor,durma sozinhaem tua rede de solteira,e imagine agora,em um quarto cercado por teias,uma das aranhascom calma e engenho,teceu a armaçãoque fisgou o teu homem,agora inseto, e pode estar inoculandono corpo do borrachudo,veneno que o imobilizará,pois ele na trama a alimentará por dias,até ficar para tráscomo presa apenas em carcaça.Imagine e esqueça o que restou desse amor.Mas depois, amiga, limpe o quarto,aranhas que devoram homens infiéis,são animais perigosose também não é bom gerarnessas bichas articuladas,grandes simpatias de mulheres rejeitadas.
Do livro: AS SONDAS AMAM
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