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Cartas-->Ao autor/leitor Ayra On -- 22/10/2001 - 19:36 (José Pedro Antunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Prezado colega autor/leitor,

há alguns dias escrevi e publiquei um texto em resposta a afirmações que você vem fazendo no site, mas sobretudo preocupado com essas tuas tentativas diplomáticas, que não fazem senão apoiar, estimular comportamentos socialmente deploráveis, sobretudo indesejáveis num site onde viemos buscar a convivência em torno a fatos literários.

Não posso ser tão compreensivo, como você tem sido, em relação a certos gestos de desumanidade. Não posso conviver alegremente com quem destrói as minhas possibilidades de comunicação e expressão. Não posso lutar pela liberdade de quem compromete a minha própria liberdade e a de todos os autores/leitores do site. Tampouco estou aí para conviver com a chanchada escrota, com a palhaçada pura e simples. Em nome de quê? Já disse que tudo isso começou com a projeção maniqueísta, confortabilíssima para quem dela ainda faz uso, de uma divisão, no site, entre uma suposta direita e uma autoproclamada esquerda. A autoproclamada esquerda, no início, achou de desferir ataques contra a suposta direita. Com o tempo, alguns elementos da suposta direita passaram a se identificar com alguns elementos da autoproclamada esquerda. Juntos, passaram a comandar a pantomima, que lhes rende certamente visitas, o voyeurismo que campeia solto na rede, mas que está obviamente longe de lhes conferir o estatuto da literariedade. Conseguiram afastar do site pessoas que eles não aceitavam como escritores, para se estabelecerem eles (quantos são, aliás?), com textos, se não semelhantes, piores.

Lamentavelmente, o texto-resposta ao qual eu me referia, depois de publicado precisava de uma correção no título. Ao fazê-la, dei um comando errado, e o texto se perdeu. Não seria tão otimista quanto você, nessa hipótese de que talvez uma grande obra da literatura nacional tenha se perdido. Nada disso. A minha autocrítica nem me deixa atuar tão desembaraçadamente como possa parecer aos desavisados. Tem sido um sufoco escrever direto no site e já imediatamente entregar textos aos possíveis leitores. Isso me rende, quase sempre, pesadelos, para depois, muitas vezes, me trazer surpresas, boas e ruins.

Autor/leitor, longe de ser apenas um neologismo para falar dos possíveis leitores que os textos venham a ter no site, é a tentativa de definir esta novidade: pessoas que escrevem e lêem, nisso que já foi e prometia ser sempre uma comunidade literária virtual. Infelizmente, no meu entender, a utopia durou o que durou. Acabou-se. Os nossos terroristazinhos anônimos, os chat-boys and chat-girls deram cabo de alguns sonhos possíveis. E eles terão de ser vistos assim, sem meias-palavras. Ou nos tornamos pessoas responsáveis, ou não estamos aptos a conviver, não vou dizer socialmente, digo apenas virtualmente.

Mas fico devendo, para breve, uma tentativa de recuperar aquele texto perdido, no qual eu tentava colocar, para você e para os teus leitores, as razões que me afastam de cruzadas diplomáticas como a que você empreende e do otimismo que a norteia. Perdido o texto, acabei escrevendo aquele "Clarice no usina", que traz alguns elementos dessa minha confrontação com a tua tentativa de exprimir idéias (cf. em cordel ).

Algo que muito me incomoda é o site ter-se transformado mesmo, e parece que em caráter definitivo, numa sala de bate-papos para valer, não como outra qualquer, mas pior do que a maioria das outras. E não apenas pela futilidade que marca a maioria das atuações sensacionalistas agora hegemônicas, e não apenas pelo vazio que caracteriza boa parte dessa produção veloz de textos de ocasião, e não apenas pelo prepotência com que certos indivíduos se proclamam gênios literários, mas sobretudo no desmazelo absoluto, na falta de qualquer cuidado editorial, na ausência de qualquer revisão, no desrespeito às regras mais elementares do vernáculo.

Ou você acredita que dessa urgência toda possa surgir uma literatura? Seria crer demais em conteúdos, se conteúdos houvesse. Mas não é esse o caso.

Para terminar, diria que gestos bem-intencionados, como acredito que os teus sejam, podem estar perpetrando o contrário do que almejam. Penso em autores/leitores que estão há menos tempo no site, e que não conseguem discernir muito bem com quem estão tratando. É duro saber que se está falando com não-existências, com nulidades, a más-intenções de toda espécie. Vejo alguns que, candidamente, se dirigem ou se referem a esses codinomes todos, como se existissem, por trás deles, pessoas dignas de respeito e atenção, como se fosse possível tratar com elas. Com o tempo, cada um deles vai acabar se dando conta, caindo do cavalo. Mas também se darão conta de que o site não é o que esperavam. Sentir-se-ão fraudados, ludibriados, desrespeitados. Serão, enfim, autores/leitores desencantados, lesados em sua liberdade de expressão e comunicação.

Para quem gosta desse estado de coisas, não acredito que seja o teu caso, é um prato e tanto. Se continuo por aqui, tentando, é porque ainda tive a sorte de me fazer rodear de pessoas respeitáveis. É com elas que eu dialogo. Com os meus vinte e tantos leitores.

Atenciosamente
zé pedro antunes

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