A quem me lê
Por Rodrigo Contrera
Leitor, não peço tua compreensão. Peço apenas um pouco de atenção.
Não vivo disto aqui, nem pretendo fazê-lo. Mas vivo da letra, enquanto jornalista, e tento não dar rédea solta a imposturas. Daí que ao menos AQUI você me tem por inteiro.
Não é muito, sei, afinal quem sou eu, quem é você, quem somos nós. Mas vem cá, acaso é fácil entabular uma conversa maneira por aí?
Não quero cagar regras. Muito menos quero convencer-te de que tenho algo que presta embaixo deste cabelo meio esparso. Mas às vezes preciso admitir encabulado que o que jogo aqui neste vazio é, sim, o que de melhor posso agora oferecer.
Não quero me valorizar, não. Mas tem outra coisa. Sou mesmo muito interessante e difícil. Mas não sou bonito, o que já me causou muitos dissabores. Ah, tem outra coisa. Sou casado.
Mas não tem problema. Só quero mesmo falar um pouquinho para você. E não quero falar bobagem. E não estou disposto a escutar besteira. Só quero saber se você está mesmo aí. Ou se só vive mesmo para conviver com seu, inevitavelmente seu, tédio que amaldiçoa.
₢ Rodrigo Contrera, 2004. |