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Cronicas-->TEXTO DE ORELHAS DO LIVRO "MEMÓRIAS DE UM CAMELÓ" -- 17/04/2007 - 17:32 (Jeovah de Moura Nunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Palavras do autor

Não me envergonho de ser um cameló, nem tampouco me envergonho de ser um autodidata. Pelo contrário, orgulho-me de ser ambas as coisas. Foi entre os camelós que aprendi a respeitar o próximo. Respeito que havia perdido, quando trabalhei dentro das empresas, serviços públicos e enfrentei a discórdia, a perseguição e a política que busca privilegiar os afilhados, mesmo sendo incompetentes. Depois mandam embora aquele trabalhador competente que ousou reclamar. Como autodidata represento muito bem a enorme disparidade, que eu chamo de "fenda" aberta entre a educação dos ricos e a dos pobres. Enquanto as "bundinhas perfumadas" são bem educadas nas melhores escolas, nossos filhos amargam um currículo escolar do "tempo do zagaia". E hoje são aprovados sem estudo, para satisfazerem cifras e porcentagens, que organismos mundiais como a ONU exigem. Nem por isso somos tão ignorantes a ponto de filosofarmos para as pedras, como fazia a burguesia francesa antes de entrar na fila da guilhotina e hoje tem o mesmo comportamento a burguesia brasileira. Foi entre os camelós que acordei para a vida. Ao contrário do que se pensa, o cameló é um ser humano muito mais atuante, politizado e revolucionário do que o trabalhador comum, cuja única preocupação é cumprir seu horário na empresa, além de agradar ao patrão; pagar em dia o sindicalismo sem exigir seus direitos e sustentar pelegos. Em contrapartida, o cameló foi para as ruas por não aceitar empregos com salários mesquinhos e absurdos.O trabalho de vender diariamente é como se fosse um protesto nas ruas. Acaba afinal, dando-lhe experiência total nas vendas e a cada dia melhora sua performance. Vai daí que as empresas perdem grandes mestres de vendas, a chave de ouro do sistema capitalista. Dificilmente um homem que se acostumou a trabalhar como empregado, adaptar-se-ia às ruas e principalmente ao ambiente hostil, adverso e perigosíssimo de uma grande cidade, lidando com pessoas aos milhares por dia. E o pior, aceitar sem discutir as injustiças, traduzidas por fiscais corruptos, policiais corruptos e o assédio da bandidagem. O cameló, acima de tudo necessita ter sua origem na dignidade, para continuar cameló. Indevassável diante do furor das sombras a insistir nos desvios. Não há homem mais assediado pelo mau do que um cameló e, no entanto, são poucos os que naufragam nesse mar de lama. Porém, ser cameló tem a vantagem de não ter patrão. Possui ele a liberdade de pensamento. Existem trabalhadores encarcerados pelo sistema, que não possuem direitos políticos no Brasil. Não podem emitir uma idéia, um pensamento contrário ao sistema local sem perder o emprego. E ainda se cantam aos quatro ventos, que vivemos numa linda democracia! Foi em razão da má interpretação que se faz do cameló, que decidi escrever essas memórias, constituídas de pequenas histórias, algumas vividas, outras colhidas entre os companheiros de rua. Não é certamente tudo o que gostaria de contar. Existem casos fantásticos que envolvem indivíduos nunca mais localizados. Embora conhecendo os fatos há que se respeitar a vontade deles em publicar ou não. Este trabalho que reputo como o mais profissional que publiquei até agora, demandou muita emoção em cada linha, em cada página escrita. Bem por isso, ficará marcado para mim mesmo, como um dos bons trabalhos que fiz, porque procurei dentro das possibilidades legais, dar vazão às memórias mais curiosas e extraordinárias, vividas por mim e pelos meus amigos camelós. De todas as aventuras que tive nesta vida, nada se compara aos anos vividos como cameló. Direi mesmo serem as estórias aqui em desfile, apenas o aperitivo para outras que com certeza virão.

Jeovah de Moura Nunes

(texto de orelhas do livro: "MEMÓRIAS DE UM CAMELÓ")
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