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Artigos-->Devemos ser coniventes? -- 13/02/2003 - 21:58 (Priscila de Loureiro Coelho) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos








O mundo da Internet nos oferece infinitas oportunidades. Temos a possibilidade de navegar em sites literários, culturais, de buscas, que nos dão informações, as mais variadas possíveis, jornais e revistas eletrônicas enfim, aparentemente poderíamos abarcar todo o universo que nos rodeia, tal a capacidade da tecnologia e seus maravilhosos recursos.

Diga-se de passagem, que a mente do Homem, quando se dispõe, é brilhante, criando uma gama de opções que podem interferir na qualidade de vida da humanidade.

Para o bem ou para o mau.

Tomei conhecimento, através deste veículo, de algo que nele transitava de maneira velada. Não me chegou através de site algum, nem tão pouco através de buscas. Não encontrei em jornais ou revistas. Chegou-me através de e-mail. Destes, que os amigos ao se depararem com algo que acreditam ser importante, enviam aos mais chegados.

Qual não foi minha surpresa ao deparar-me com algo tão brutal, tão perverso, que por instantes imaginei que se tratava de montagem, ou de alguma brincadeira de mau gosto.

Mas não. Para meu horror, eram fotos autênticas, fotos que de alguma forma escaparam ao controle das autoridades. Fotos da rebelião do presídio de Bangu.

Isso me levou a profundas reflexões. E dois aspectos me incomodaram bastante.

Primeiro, a dureza, a atrocidade, a violência primitiva e desenfreada que pode acometer seres humanos, a tal ponto que se permitam realizar algo tão hediondo! Encarar esse fato é por si assustador.

Segundo questionei-me até que ponto a sociedade deveria ser poupada e desconhecer esta dura realidade.

Como se pode tomar conhecimento de tal fato e calar-se? Temos este direito? É lícito permanecer silente, como se nada houvesse ocorrido, e abalado nossa rotina tão medíocre, que sequer provoca motivos para curiosidade alheia?

Há que se repensar as escolhas que estamos fazendo. Serão elas dignas de compor o cenário social que a geração que vem chegando encontrará?

Que destino terá a sociedade jovem que surge em cena entusiasmada, eufórica, idealista, trazendo em seu interior crenças e valores que lhes foram impingidas pela geração que a precedeu?

Será que poderemos permanecer mais tempo inertes, apáticos, apenas olhando de lado, como se nada disso tivesse alguma ligação conosco?

Temos a exata medida do que esta ocorrendo em nossa sociedade? E aqui, mesmo correndo o risco de causar certo desconforto, sou obrigada a lembrar que a sociedade somos nós. Ela não é um ente desconhecido no qual podemos projetar nossas neuroses e medos, tentando aplacar nossas angústias e inseguranças. Ela é o apelido que damos para nós mesmos!

Teremos consciência disso? E se temos, o que estamos fazendo em relação a este problema? Será que acreditamos realmente que ele está tão distante de nós?

Possuímos uma capacidade ilimitada para amar, para sermos generosos e produtivos em todos os sentidos. No entanto estamos assistindo nossa decadência, como seres humanos, e nos comportamos como se pertencêssemos à outra raça, sem vínculo algum com pessoas, como as que se envolveram nesta rebelião.

Por conta destas indagações, perambulei por nossa história, percorrendo a trajetória de nosso povo, e sua atual condição.

Deixei que meus pensamentos se juntassem as emoções que me assolavam, enquanto olhava para a cena aterrorizante em minha tela do computador.

E me senti tristonha, envergonhada, como se eu própria tivesse permitido que esta chacina ocorresse.

Não pude impedir que em meu pensamento viesse a presença de meu filho. Jovem profissional começando sua carreira. Meu coração teceu esta imagem, desvendando a ilusão que o acompanha, quando seus olhos brilham contando-me suas pequeninas conquistas. E os meus encheram-se de lágrimas como se elas pudessem lavar-me a alma!

Ingenuamente acreditamos que nossos filhos são diferentes, que nada pode atingir nosso lar, que somos privilegiados e contamos com proteções adicionais.

Que tolice! Que bela forma de seguir ignorando o trabalho que está a nos chamar a cada instante.

Hoje, meus amigos, esta coluna que comumente traz histórias leves do cotidiano, é porta voz de algo extremamente sério e importante.

Este fato, estas fotos, retratam de modo chocante, uma realidade que está a exigir nossa intervenção.

Não basta amarmos, é preciso saber amar. Não basta gritarmos pela liberdade, necessário se faz aprender a ser verdadeiramente livre. De nada adianta exigirmos melhores condições de vida, é mister que aprendamos a nos comportarmos com integridade.

Nenhuma mudança social acontecerá vinda através de governantes, pois eles, como nós, fazem parte integrante da sociedade. Esta mudança só acontecerá quando todos se juntarem e assumirem a tarefa de criar um mundo mais justo, para todos os seres humanos.

Tomemos consciência da brutalidade social em que estamos inseridos e que cada um de nós tome a si a responsabilidade de agir proativamente.









Priscila de Loureiro Coelho

Consultora de Desenvolvimento de Pessoas







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