Escuros desvãos,
ermos lugares,
arrabaldes.
Procuram lugares assim
os sábios e os poetas.
Bêbados de luminosidade,
seus olhos vivem a perscrutar
o enquanto.
Surpreendem-no súbitos comas errantes,
lampejos derradeiros de uma supernova,
explosão que se deu há muito
(ou não será uma bagatela?):
130 mil anos atrás).
Melhor não enveredarmos tanto
por quantidades, pelos números,
pelas estatísticas.
Tudo, em se tratando do céu,
beira a invencionice,
esbarra na inverossimilhança,
roça com o não ter cabimento.
Do que ouve,
muito pouco um leigo poderá reter,.
não ultrapassa, de qualquer modo, o espanto,
não deixa para trás o encantamento,
não sobrepuja a comoção,
não supera o silêncio.
Olhos arregalados,
meninice e invenção:
matéria de poesia.
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