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Teses_Monologos-->Do cabo para o rabo -- 27/10/2003 - 05:57 (José Pedro Antunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Uma leitura rápida e, espero que não tão rasteira, da edição de outubro de RASCUNHO, "o jornal de literatura do Brasil", editado em Curitiba.

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Um jornal como RASCUNHO é um espanto para o leitor que já se habitou a pensar que os cadernos culturais da Folha e do Estadão sejam realmente representativos do que se faz hoje em termos de jornalismo cultural na imprensa brasileira.

Já faz muito tempo que não temos um "jornal de literatura" no Estado de São Paulo. A menos que se considere como tal o "Jornal de Resenhas", que a Folha publica mensalmente, sem nenhuma consideração para com o denodado leitor. O coletivo que o produz parece disposto a produzir sofrimento ou purgação nos que já lêem, sem despertar o prazer pela leitura em possíveis novos leitores.

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Bem a propósito, uma frase de Inês Pedrosa, portuguesa, autora do romance "Fazes-me falta", resenhado por Luiz Paulo Faccioli:

"Não consigo me entreter com nada que dispense a minha participação."

Talvez seja isso, emérito coletivo que produz o "Jornal de Resenhas". E vale também para a produção da maior parte dos nossos cadernos ditos culturais. Um dia a gente se cansa de ficar excluído desse vosso mundinho da alta-cultura.

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Para conferir o RASCUNHO

www.rascunho.com.br

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O exemplar que tenho em mãos me foi emprestado pelo amigo escritor Márcio Scheel, que, como eu, vive antenado, atrás de tudo o que diga respeito ao funcionamento literário no país, esse mistério para poucos. Trata-se da edição mais recente: outubro de 2003. Confiram, a seguir, alguns dos itens da lauta pauta.

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"A cidade inventada de Francisco", por Paulo Polzonoff Jr., sobre BUDAPESTE, de Chico Buarque de Hollanda. Abaixo do título, a chamada:

"Budapeste, de Chico Buarque, é uma notável defesa do anonimato."

Ou então, pinçada da resenha de página inteira:

"Antes de qualquer coisa é preciso dizer que não há livro ruim a priori. E o bom leitor é aquele que deixa o livro surpreendê-lo. Não é fácil, claro. Tanto que, antes de pegar na estante o livro de Chico Buarque, olhei dez mil vezes para o Tolstói que me convidava à leitura. Mas é preciso, sim, insistir, acreditar que o que se está produzindo é boa literatura. Apesar das centenas de milhares de provas em contrário."

Tendo iniciado a sua resenha com a afirmação de que "Estorvo" e "Benjamin" são livros ruins, e de se incluir - "(eu incluído)" - entre as multidões que se encantaram pelos olhos verdes de Francisco, rende-se o resenhista, depois de minuciosa descrição do romance e, o que mais nos interessa, de sua leitura desveladora:

"Assim é Budapeste, livro pelo qual Francisco pode ser chamado, finalmente, de grande escritor. Para o bem até do Chico, que será sempre um grande e incontestavelmente talentoso compositor."

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Sob a rubrica "Translato", temos "Haroldo de Campos - um vislumbre do tradutor", por Eduardo Ferreira, que conclui:

"A questão é que optar pela criação será, certamente, sempre o caminho mais difícil. Daí, talvez, o grande mérito do transcriador Haroldo de Campos.
Criar sempre significa mais gasto de fosfato, mais empenho, mais estudo, mais pesquisa - e mais tempo. Daí, talvez, que o transcriador será, sempre, o tradutor bissexto, não o profissional. Só ele, o bissexto, diria que apenas os intraduzíveis merecem ser traduzidos."

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Em "Aluvião poético na aridez", Rogério Pereira comenta "Concerto para paixão e desatino", de Moacir Japiassu. Transcrevo, abaixo, frases que a diagramação do jornal coloca em destaque:

"Para mim, literatura é criação e não criatividade . Este é ofício de publicitários."

"Passei a vida inteira a lutar contra a burrice e estou sendo fragorosamente derrotado. É o que se chama de luta inglória, pois hoje vemos uma espécie de globalização da burrice."

"Confesso que não conheço nada de gramática; para mim, se a frase soa bem aos ouvidos, está correta e pronto."

"Estou convencido de que é impossível viver sem temperar a existência com uma boa pitada de cinismo. Há exceções, porém não gosto do ser humano."

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Não, não vou ficar aqui a transcrever o jornal inteiro. Você também pode aderir, e por uma quantia bem melhor empregada do que pagar para publicar aqui no usina .

Além de inúmeros outros artigos e resenhas interessantíssimos, como:

Paulo Franchetti, em “Interessante Preguiça”, analisando os três volumes que inauguram a coleção preguiça editorial ;

Fabrício Carpinejar, resenhando "Caveira 41", de Age de Carvalho;

Floriano Martins, entrevistando os portugueses António Osório e Alberto Pimenta;

ou Luís Augusto Fischer, excelente resenhista do Folhateen, propondo uma releitura de Manuel Bandeira;

RASCUNHO traz ainda um caderno só com textos de ficção e de poesia, com destaque para autores inéditos.

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Alberto Pimenta, um dos entrevistados por Floriano Martins, é autor de um daqueles títulos que, de tão bons, como quer Glauco Mattoso, nem precisariam de texto: "Discurso sobre o filho-da-puta". Termino com uma de suas frases destacadas pelo jornal:

"Todos os caminhos vão do cabo para o rabo."

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